Da sucessão
Albuquerque sucede a Albuquerque?
Não.
Um presidente do PSD-Madeira eleito sucede a um presidente do PSD-Madeira eleito.
Será Albuquerque? Talvez. Mas também posso ser eu.
Não sei quando é que isso ficou confuso para algumas pessoas, mas é assim que funcionam as eleições.
De fora chovem críticas. Claro.
Diz o candidato de um partido Alternativo que são contra a recandidatura de Albuquerque à liderança do PSD-Madeira e eventualmente ao Governo Regional. Como é? Devo ter percebido mal. São contra? Esta é, em primeiro lugar, uma decisão de Miguel Albuquerque, depois avaliada pelos militantes do PSD-Madeira e finalmente pelos madeirenses, se a isso chegar.
Diz o líder nacional de um partido Liberal que uma recandidatura de Albuquerque é um embaraço para a Autonomia regional. Já li e reli. Não chego lá. Não tenho capacidade intelectual para vislumbrar a correlação ou o nexo de causalidade entre a recandidatura de Miguel Albuquerque, num exercício de um direito legítimo que é seu, e uma suposta humilhação da Autonomia regional. Se me falarem de atentados à Autonomia regional, aí já é diferente. Lembro-me logo de um, assim mais recente. Deixo-vos uma pista: aviões militares.
Diz ainda este candidato que este é o tempo da justiça. Com a (in)justiça que temos?
Também gosto muito do que se tem repetido que “à justiça o que é da justiça, à política o que é da política”. A sério que gosto. Sem qualquer sarcasmo. Pena é que o Ministério Público nunca tenha sido informado disto.
De dentro também chuviscam críticas. Claro.
Que precisamos de um novo protagonista. Que este ciclo terminou.
Novamente, é para isso que servem as eleições. Foi promulgado um decreto real para a sucessão sem direito a voto e eu não dei conta? Que avancem porque são bem-vindos. É assim que se faz num partido democrático e plural.
Que os prazos são curtos. Pois são.
Mas são-no por uma simples razão, a de termos uma liderança legitimada e reforçada a 24 de março, altura da decisão de Marcelo Rebelo de Sousa que até – pasme-se - poderá ser de não dissolução da Assembleia Legislativa Regional. Não podemos é correr o risco de ser o partido da inação, da indecisão. Nunca o fomos. Deixamos isso para o PS.
E não me digam que é impossível arranjar o apoio de duas centenas de militantes dispostos a pôr a pena onde está o coração. Até porque este cenário não é propriamente novo e as movimentações, essas, foram imediatas.
Que gostava mais de outros prazos? Gostava. Mas também gosto mais de chocolate do que de feijão verde. Diz a balança que não pode ser. É a vida.
Podem dizer: é difícil alguém avançar neste contexto. Sim, claro que é. A rutura nunca é fácil. E mais, no caso de eleições antecipadas há um cenário possível de ingovernabilidade que afasta putativos candidatos. Tem graça. Então que líder é esse que só avança se a coisa não for muito difícil?
De resto, são opiniões. Tal como listas candidatas, novos protagonistas e novas ideias qualquer opinião é bem-vinda e “defenderei até à morte o seu direito de dizê-lo”, frase que, afinal, Voltaire nunca disse. Mas pensou, com certeza.
Se há motivações menos altruístas na base dessas opiniões? Não tenho de saber. Não sou estratega. Nem psicóloga.
Parece-me é que a coisa é relativamente simples. A decisão de convocação de Congresso Ordinário precedido de eleições internas foi tomada pela Comissão Política, confirmada pelo Conselho Regional que aprovou o seu regulamento. Tudo com respeito pelos Estatutos. Decorre o prazo para apresentação de listas, a que se seguirá o exercício de voto secreto.
Simples e democrático, não vos parece?
E quem não gosta tem bom remédio.
São só duzentas assinaturas. E as quotas pagas.