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Fact Check Madeira

A Madeira não reduziu o risco de pobreza?

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A população em risco de pobreza é um dos indicadores sociais em que a Madeira ocupa os últimos lugares, entre as regiões de Portugal, com taxas que já chegaram a ultrapassar os 30%. Só no último ano, a RAM deixou o último lugar, agora ocupado pelos Açores. No entanto, os números, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, têm gerado afirmações, de âmbito político, que nem sempre correspondem à realidade.

Durante muito tempo, mesmo depois de ter ultrapassado os Açores, foi frequente ouvir-se, sobretudo dos partidos da oposição regional, que a Madeira era a região mais pobre do país. Aos poucos a situação foi corrigida, mas o tema volta sempre ao debate político, sobretudo na Assembleia Legislativa.

Desde o início deste ano que várias propostas legislativas levaram a afirmações que nem sempre correspondem à verdade, embora a situação de pobreza na Região seja grave e das mais elevadas no todo nacional.

A bancada socialista é a quem tem abordados mais vezes esta questão. Na sessão plenária de 18 de Janeiro, na discussão de uma proposta de lei à AR sobre majoração e 2% nos apoios sociais para os residentes nas Regiões Autónomas, foi dito que, mesmo perante um aumento substancial do PIB regional, ‘não há redução da taxa de risco de pobreza’.

Uma afirmação que é contrariada pelos dados do INE e da Direcção Regional de Estatística da Madeira que mostram que, em cinco anos, de 2018 a 2023, a taxa de risco de pobreza, ao nível regional, desceu 2,7 pontos percentuais, enquanto ao nível nacional essa redução foi de apenas 0,3 p.p. No entanto, é importante não esquecer que a Madeira partiu de um valor muito mais elevado de taxa de risco de pobreza.

Do mesmo modo, no que diz respeito aos salários, tem sido recorrente afirmar-se que o crescimento da economia não se reflecte nos salários dos madeirenses.

Os dados da DREM mostram que, em 2023, na Madeira, a remuneração bruta média mensal por trabalhador cresceu 6,5%, em termos nominais e, em termos reais, o aumento foi de 1,7%. Ou seja, os salários, aumentaram.

Mais recentemente, numa das sessões plenárias da semana passada – as últimas reuniões antes das eleições de 10 de Março, Isabel Garcês, do PS, voltou a abordar estas questões, na discussão e uma proposta do PCP sobre combate à contratação ilegal e precariedade laboral. A deputada socialista, que é um dos parlamentares que mais participam nas questões do trabalho, afirmou que “a taxa de risco de pobreza na população empregada na Madeira é de 15,7% e no continente 10%. Em relação aos trabalhadores desempregados, existe um risco 5 vezes maior em serem pobres”. Segundo a DREM, o risco para os desempregados é de 3,7 vezes a média nacional e não 5.

"Não há redução da taxa de risco de pobreza na Região" - partidos da oposição regional