Um dos paradoxos mais tramados
Em vez de lidar com a nossa incapacidade, para resolver o nosso incómodo perante o que, à primeira vista, sai da norma, escolhemos tantas vezes fazer o caminho, bem mais fácil, do afastamento, do julgamento, da culpa, da condenação e até do castigo, do outro, claro
“Formam uma família tão bonita. Que sorte, ele é bem parecido, tão querido com os filhos e contigo.” A Maria escutou isto (e outras coisas) ao longo de mais de 20 anos. Elogios de primeiras impressões, que acordavam sentimentos contraditórios. Por um lado, sentia que encaixava no modelo de família “perfeita”, tradicional, aquela que a sociedade ocidental espera. Por outro lado, um desconforto imenso por saber que aquelas palavras julgavam um estereótipo que não correspondia à verdade.