O PSD prepara-se para substituir o CDS pelo Chega, ignorando toda a ética política, a solidariedade institucional e os princípios democráticos. O PSD, ou melhor alguns dos seus dirigentes, concluíram que a sua coligação com o CDS já não consegue a maioria absoluta dos deputados no Parlamento da Madeira. Já se viu esta realidade, em setembro do ano passado, quando os dois partidos tiveram que fazer um acordo de incidência com o PAN para chegar aos 47 deputados e formar Governo. Assim, deixa cair o CDS, o seu parceiro de sempre, que o aguentou até agora no poder e lhe deu vitórias importantes, como a da Câmara do Funchal, e procura apoios na extrema-direita.

O perigoso Chega, que na Madeira não vale um caracol, como se vê pela prestação dos seus atuais 4 deputados na Assembleia Legislativa, vivendo à custa dos votos de protesto e de revolta, capturados pelo demagogo André Ventura, é assim visto como uma bóia de salvação do PSD. Era mais fácil, a cúpula social-democrata ter confessado esta sua pretensão em vez de andar com subterfúgios para justificar o divórcio com o CDS. O próprio candidato do Chega pela Madeira, não tem direito a figurar num cartaz e o que se vê na rua é a cara do senhor Ventura.

Chamo a atenção dos madeirenses para esta jogada que se prepara nas suas costas e que deve merecer já a nossa oposição nas eleições de 10 de março. Aliás, o PSD ainda vai em coligação com o CDS a estas eleições e, apesar disso, já espeta a faca no parceiro, prejudicando o voto na lista Madeira Primeiro.

A situação é ainda mais bizarra, quando se sabe que nos Açores vai ser empossado um Governo PSD-CDS, deixando de fora o Chega, e que a nível nacional a Aliança Democrática (PSD e CDS), prepara-se para ganhar as eleições e formar Governo, sem a extrema-direita.

A verdade é que se não pararmos esta loucura nas nossas ilhas, no futuro, corremos o risco de termos gente racista, xenófoba e anti-imigração no Governo de uma terra como a Madeira que tem milhares de emigrantes pelo Mundo fora e que precisa de ativos para a sua economia. Já Chega destas jogadas do salve-se quem puder! Na política, como na Vida, não pode valer tudo!

Maria Pereira