“Bem prega frei Tomás”
Ninguém, digo eu, vai ao Hospital ou ao Centro de Saúde como se fosse a um Centro Comercial, quando aí se desloca para dar apoio a um familiar ou a um amigo. Às vezes é só para uma última despedida. São momentos de dor, que dispensam perfeitamente a interferência de um enfermeiro/a “inchado” a debitar o que não é permitido, mas precisam de alguém com um mínimo de sentido humano que, se não cumprir aquilo a que está obrigado, sinta que a dimensão humana se sobrepõe à obrigatoriedade do cumprimento de regras estipuladas, em dadas circunstâncias. A humanidade sofre muito com quem não sabe nem sente. Haja mais humanismo no exercício de funções.
Para além disso, a Educação manda que, independentemente do local ou do serviço prestado, todos devem ser atendidos com correcção e respeito mútuos.
Com maior acuidade, num organismo onde se prestam cuidados de saúde e outros serviços inerentes, aos utentes debilitados física e psicologicamente por doenças graves dever-se-á dar uma atenção diferenciada, não porque sejam melhores do que os demais, mas por razões óbvias.
Não é lícito lidar com as pessoas como se de números se tratassem, respondendo com aspereza, rispidez e indiferença às suas solicitações/informações relacionadas com o seu estado de saúde.
Quando alguém se dirige a organismos, supostamente, vocacionados e habilitados para responder positivamente aos seus problemas não deveria nunca sair pior do que entrou. Mas, volta não volta, acontece.
Desconheço como é feita a progressão na carreira de determinados profissionais, mas seria de considerar, seriamente, acrescentar aos critérios de avaliação o item correspondente à sua forma de actuação no atendimento ao público, em geral ,e de uma forma particular a indivíduos vulneráveis, sem capacidade de defesa (verbal ou escrita, entenda-se). Também é certo e sabido que quem ousa fazer qualquer tipo de reparo porque se sente melindrado, é tratado pior da próxima vez, porque o espírito revanchista anda por aí, e chega a muitos locais públicos.
Por incrível que pareça, são estas pessoas que nas redes sociais partilham todos os salmos,e versículos bíblicos, que fazem apelos à solidariedade, à caridade, à entreajuda, que vão a tudo quanto é evento social, que se colocam a jeito de serem bem vistas e fotografadas, mas que no seu local de trabalho (ou será só emprego?)são incapazes de um gesto benevolente ou de uma palavra amiga. Pelo contrário, esbanjam soberba e até alguma agressividade.
Todos nós somos finitos. Ninguém sabe o que acontecerá até lá. Ninguém poderá garantir que um dia também não estará do outro lado do guiché ou da barricada.
Pensem nisso. Ainda é tempo.
Madalena Castro