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A Guerra Mundo

Milhares pela Ucrânia pedem "vitória para a paz" no centro de Berlim

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Natalja levanta as cores da Ucrânia o mais alto possível, carregando uma bandeira gigante e apelando ao mundo para a importância de uma "vitória para a paz", o mote da manifestação de hoje no centro de Berlim.

As autoridades contam cerca de quatro mil manifestantes, enquanto as organizações responsáveis pela manifestação "Defender a democracia, vitória para a paz" apontam para vários milhares. Para Natalja, o objetivo de 'pintar' as Portas de Brandemburgo de amarelo e azul e chamar a atenção do mundo foi conseguido.

"Precisamos da ajuda da Europa, do mundo. Sozinhos não conseguimos fazer mais. Os nossos soldados são heróis, mas precisamos de ajuda para terminar de vez com esta guerra. Para devolver a paz à Ucrânia", sustenta a ucraniana, que foi viver para Berlim ainda antes da guerra, mas que deixou no país a família e os amigos.

"Muita gente está cansada da guerra, mas não podemos ficar cansados porque ela continua. As pessoas que estão a lutar não se podem dar a esse luxo", destaca, enquanto vai agitando a maior bandeira da manifestação.

Em declarações à Lusa, conta que vai a estas manifestações desde o início. Aconteciam todos os domingos e, de cada vez que participava, achava que era a última.

"Pensava que na semana seguinte já não haveria guerra, que estaríamos a recuperar. Passaram dois anos e eu continuo aqui, a chorar pela vitória, pelo fim deste horror", lamenta.

Do palco vão-se gritando mensagens em ucraniano, alemão e inglês. Ouvem-se frases como "A Rússia é um estado terrorista" ou "mais armas para a Ucrânia".

Vladyslava Vorobiova, ativista da associação Vitsche, lembra que a vida de todos os ucranianos mudou em 24 de fevereiro de 2022, quando começou a invasão russa que precipitou a guerra.

"Precisamos que todos se unam no dia de hoje em solidariedade com a Ucrânia. Esta não é apenas uma luta da Ucrânia, mas uma luta da Europa. A Ucrânia não precisa apenas de munições, de financiamento, mas que todos apoiem e desejem a vitória", destaca.

Anna tira uma fotografia à filha, de 2 anos, com a bandeira da Ucrânia enrolada no corpo.

"A minha filha nasceu nos primeiros dias da guerra, por isso tivemos de mudar-nos primeiro para a Polónia, só no ano passado viemos para a Alemanha porque temos cá amigos. Ela nunca foi a Kiev, o que é muito triste [...]. Estamos muito agradecidos à Alemanha por todo o apoio que tem dado aos refugiados ucranianos", aponta.

Participa na iniciativa para mostrar que os ucranianos estão unidos, que é preciso vencer a guerra e que há orgulho em todos os que ficaram no país a combater. A Rússia, acrescenta, "é um monstro e é preciso derrubá-lo".

Enquanto Anna sonha com o regresso a casa, Natalja deseja ter uma casa para a qual possa regressar, e um país finalmente em paz. Continua a agitar a bandeira.

"A bandeira da Ucrânia é muito bonita. Quando vejo estas cores, mesmo que não estejam ligadas à nossa bandeira, sinto um aperto e um calor no coração. Queria trazer uma bandeira grande para mostrar que somos uma grande nação. Não é fácil manobrá-la, tenho de admitir, é a minha dose de ginásio de hoje", afirma, sorrindo.

As Portas de Brandemburgo vão iluminar-se hoje à noite de amarelo e azul.

Para hoje foram agendadas manifestações de apoio à Ucrânia em diferentes países, dentro e fora da Europa.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada em 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a II Guerra Mundial (1939-1945).

Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armamento a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.

O conflito, que entra agora no terceiro ano, provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, e um número por determinar de vítimas civis e militares.