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Fact Check Madeira

Existirá falta de cais para navios da Marinha na Madeira?

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A Marinha anunciou, na semana que hoje finda, que o NRP Zaire, navio patrulha com mais de 50 anos, fica afecto às missões na Madeira. A opção pelo NRP Zaire em detrimento de outro mais moderno e maior deveu-se, ao que afirma a Marinha, por falta de cais para essas embarcações. Mas existirá mesmo falta de um cais para atracar os navios da Marinha de guerra Portuguesa na Região?

Para tentar perceber o que se passa ‘no terreno’, procurámos informações junto da APRAM.

A presidente do Conselho de Administração da entidade responsável pela gestão dos portos da Região começa por esclarecer que existe, no Porto do Funchal, um cais de uso exclusivo da Marinha. Fica junto à Lota do Funchal.

É o cais 4 e está apto a receber navios mais pequenos, como os da classe Tejo ou Cacine.

No entanto, sempre que a Marinha solicita cais para embarcações maiores, como os da classe Viana do Castelo, o pedido tem sempre resposta positiva, mas com alguns condicionantes.

Se houver cais desocupado no Funchal, o cais é disponibilizado à Marinha. No entanto, nos períodos em que esse mesmo cais já tem reserva (navios de cruzeiro), a Marinha tem de retirar o seu navio, podendo voltar a ocupar a infra-estrutura quando ficar novamente disponível.

Quando não há cais disponível no Funchal e existe solicitação, a APRAM disponibiliza um cais no Caniçal ou no Porto Santo, o mesmo acontecendo quando é necessário desocupar temporariamente um cais no Funchal (normalmente o cais 6 – Praça CR7).

Tendo em conta as três infra-estruturas, Paula Cabaço garante que todas as solicitações da Marinha, até hoje, tiveram resposta favorável.

A presidente da APRAM acrescenta que, se a Marinha desejasse usar em permanência um cais do Porto do Caniçal, só muito raramente poderia ter de ceder o espaço a uma marcação prévia.

No entanto, Paula Cabaço entende os constrangimentos dessa opção ou de quando o Caniçal e/ou o Porto Santo são apontados como alternativa ao Funchal

No entanto, reforça a presidente da APRAM, não é possível desmarcar reservas de navios de cruzeiro, muitas vezes com dois anos, para garantir cais em permanência à Marinha. Por outro lado, quando há solicitações da Marinha, a resposta positiva segue sempre com informação de todas as condicionantes.

Marinha poderá via a ter cais maior

A APRAM tem no seu plano de investimentos uma requalificação do cais 7, aquele junto ao varadouro de São Lazaro.

Trata-se de um cais bem maior do que o cais 4 (exclusivo da Marinha) e que poderá receber navios de uma classe superior.

O investimento pensado para o cais 7 é de 800 mil euros e implica a colocação de novos cabeços, rede de água, luz, wi-fi, entre outros. A tudo isto, acresce a dragagem, mas que é feita em simultâneo com a das demais áreas do Porto.

Assim, é verdade que a Marinha não dispõe de um cais em permanência para embarcações de classe idênticas ou superiores às Viana do Castelo (por exemplo), mas também é verdade que nunca ficou sem um cais para acostar tais embarcações, sempre que tal foi solicitado. Por isso, a afirmação de que a colocação do NRP Zaire na Região em permanência, em detrimento de outras embarcações maiores e mais modernas, se deve à falta de cais, é imprecisa.

A colocação do NRP Zaire em permanência na Madeira deve-se à falta de cais para embarcações maiores.