“Há muito desconhecido neste mar profundo”
Biólogo Manuel Biscoito foi o primeiro madeirense a ver o peixe-espada-preto no seu habitat natural
Coube a Manuel Biscoito fechar a 1.ª parte da TEDxYouth@Funchal, a decorrer no Auditório Padre Mário Casagrande, na Escola da Apel.
O biólogo levou à conferência ‘O mar profundo: Esse desconhecido’. Começou por questionar a plateia se sabiam que a expensão da Zona Económica Exclusiva corresponde a área equivalente à área da Índia, ou seja, corresponde a cerca de 3,9 milhões de metros quadrados.
Desde logo para assinalar que “90% desta área tem mais de 1000 metros de profundidade” e apenas “55% desta área está cartografada”.
Feita a introdução, o conceituado biólogo madeirense com especialidade em ambiente, e que tem no curriculum passagem pelo Museu de História Natural do Funchal, onde ingressou em 1981, tendo sido seu director, cargo que também ocupou no Departamento de Ciência e Recursos Naturais da Câmara Municipal do Funchal (CMF) e na Estação de Biologia Marinha do Funchal, recuou no tempo, até ao ano de 1966.
Tinha então 8 anos de idade quando atracou no Funchal o ‘Archiméde’, um submarino amarelo. Por viver numa casa à entrada da Pontinha, despertou-lhe a atenção esse momento raro. Passados 25 anos, em 1991, entrou pela primeira vez num submarino, numa missão à volta das ilhas do arquipélago.
Experiência que repetiu em 1994, desta feita a bordo do submarino ‘Nautile’, no mar dos Açores, onde teve “a sorte de ter sido o primeiro (madeirense) a ver o peixe-espada-preto no seu habitat natural”.
Cinete que ainda “há muito desconhecido neste mar profundo”, Manuel Biscoito brindou a plateia com um vídeo de uma viagem as profundezas do oceano, onde o próprio também é protagonista. Foi em 2021 a bordo do ‘Lula 1000’. Com imagens captadas até 1000 metros de profundidade, onde voltou a ‘reencontrar-se’ com a espécie peixe-espada-preto, para o biólogo madeirense a grande descoberta dessa missão foi a descoberta de “floresta de grandes algas” junto da crista oceância entre a Ponta de São Lourenço e as Ilhas Desertas.
Terminou a conferência deixando alguns conselhos, sobretudo aos mais jovens presentes no lotado auditório da Escola da APEL. Seguir o coração, ser curioso, encontrar um nicho e sonhar, são os quatro condições propostas. No primeiro caso, diz que não vale a pena irmos para uma profissão com a qual não a desejamos. No segundo, garante que a curiosidade é muito importante. No caso do nicho, aconselha aos jovens que invistam na especialização, e por último, que nunca deixem de sonhar.
Manuel Biscoito é actualmente é chefe da Divisão de Ciência da CMF, vogal da direcção nacional do IMAR - Instituto do Mar, membro do Conselho Consultivo do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza e membro do Conselho Nacional da Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. É conservador-chefe do Museu de História Natural do Funchal e especialista em taxonomia de peixes de águas profundas.