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Pedro Nuno admite viabilizar governo da AD sem obter reciprocidade de Montenegro

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O secretário-geral do PS reiterou hoje que não inviabilizará um Governo minoritário da AD "se ficar em segundo no quadro de uma maioria de direita" enquanto o líder do PSD continuou sem esclarecer se viabilizará um governo socialista.

Estas posições foram assumidas no debate com os candidatos de todos os partidos com representação parlamentar, emitido pela RTP, que decorre no campus da universidade Nova SBE, em Carcavelos, e que durante alguns minutos foi interrompido por protestos de ativistas climáticos.

Instado a esclarecer a sua posição face a cenários pós-eleitorais, Pedro Nuno Santos afirmou que o PS governará se ganhar as legislativas antecipadas de março "com maioria absoluta", se ganhar "com maior relativa mas conseguir encontrar uma maioria absoluta parlamentar, nomeadamente à esquerda", se ficar em segundo mas conseguir também uma maioria parlamentar à esquerda ou ainda se "se ganhar as eleições num quadro de maioria de direta", caso o PSD não o inviabilize.

"O PS não governará se ficar em segundo no quadro de uma maioria de direita, mas mesmo nesse cenário não criará nenhum impasse constitucional e, portanto, não apresentará nem viabilizará nenhuma moção de rejeição", frisou.

Já o presidente do PSD, Luís Montenegro, em representação da Aliança Democrática (coligação PSD, CDS e PPM), voltou a não dizer se, em caso de derrota, aceitará viabilizar um governo minoritário do PS, tendo sido acusado por Pedro Nuno Santos de se "esconder atrás de um biombo com medo de dizer o que vai fazer".

Montenegro recusou "perder tempo com cenários políticos" e repetiu que só será primeiro-ministro "se vencer as eleições", dizendo que já foi claro quanto à sua política de alianças -- na qual se recusa a integrar uma solução com o Chega.

"Estou focado em dar resposta aos problemas das pessoas", insistiu.

Nesta fase do debate, o presidente do Chega, André Ventura, insistiu que "não haverá nenhuma maioria à direita" sem os votos do seu partido e criticou Montenegro.

"Como podemos ter um líder do PSD que quer ser primeiro-ministro mas não é capaz de dizer que convergirá à direita para derrotar o PS? (...) O líder do PSD, que andou a dizer que este Governo já não servia e caiu por dentro, não pode viabilizar aquele que foi o segundo rosto mais importante deste governo. E isto não é uma questão menor", advogou.

O presidente da IL, Rui Rocha, lamentou que o líder do PSD não tenha sido capaz de até agora "verbalizar uma posição clara relativamente a determinados cenários" e frisou que não viabilizará um governo minoritário do PS.

À esquerda, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, defendeu que se está a "gastar tempo demais com a forma e a fugir à questão central de conteúdo", afirmando que a solução do próximo dia 10 tem que responder à crise dos salários, cultura ou até do ambiente, após os protestos dos ativistas climáticos presentes.

Mariana Mortágua, coordenadora do BE, considerou que a campanha "não deveria ser sobre conversas com PS e PSD para saber quem viabilizaria quem" e frisou que "a única alternativa estável" é uma maioria de esquerda, mesmo deixando algumas críticas à governação socialista.

A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, começou por assinalar os protestos dos ativistas climáticos, e criticar PS e PSD por não terem feito qualquer referência ao tema.

Interrogada sobre um cenário no qual o PAN poderá ser determinante para uma maioria de esquerda ou de direita, Inês Sousa Real respondeu que "a pergunta que se impõe é o que é que a força política que estiver em condições de formar governo estará em condições de fazer pelas causas que o PAN representa", rejeitando cenários que coloquem em causa a democracia e deixando críticas aos parceiros do PSD na AD, ao Chega e à IL.

O porta-voz do Livre Rui Tavares defendeu convergência à esquerda e apontou que a direita está "num processo de canibalização interna", avisando que se houver uma governação no parlamento sustentada pelo Chega tal seria uma traição ao que se disse na campanha, numa farpa ao PSD.