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Juiz em causa própria

Há precisamente um mês que a nossa política regional anda de cambalhota em cambalhota. Um dia dizem uma coisa e no dia seguinte dizem outra, como consequência das buscas feitas em vários departamentos do Governo Regional e da Câmara Municipal do Funchal e de várias empresas privadas e de casas de empresários assim como da residência do ex-Presidente da Câmara e outras, tudo feito com grande aparato, pelo Ministério Público, vindo de Lisboa em dois aviões da Força Aérea Portuguesa e de mais de cem agentes da Polícia Judiciária e diversos técnicos especializados nesse tipo de ações.

Primeiro julguei que estava a ver um filme americano de suspense em que não éramos capazes de adivinhar o seu final. Cada pessoa emitia a sua opinião, os presidentes da Câmara e Governo demitem-se, mas antes, este dizia que não se demitia, mais ou menos com 24 horas de diferença, alegando a sua inocência, apesar de ter sido logo constituído arguido. Segue-se as diferentes opiniões, nomeadamente do Dr. Rui Barreto, Presidente do CDS, parceiro de coligação, que sugeriu que o Dr. Miguel Albuquerque se demitisse com efeitos imediatos, ou seja esquecendo-se da Madeira e dos madeirenses. Aliás esses governantes passaram o tempo todo a dizerem que estão a defender a Madeira, mas, mais uma vez mentiram, porque se de facto defendessem o povo e a Madeira, demitiam-se depois da aprovação do orçamento precavendo as verbas destinadas aos seus fins, como as do PRR e a baixa de IRS que anunciaram há tanto tempo com pompa e circunstância, baixa essa que não aconteceu, continuando assim a explorarem os madeirenses.

As confusões têm sido tantas, ora sim, ora não, ora talvez, até que Rui Barreto anuncia a sua saída da coligação e que não se recandidata a Presidente do CDS, significando isto, que será o fim da coligação, até porque o PAN já anunciou que não apoiaria Miguel Albuquerque que entretanto anunciou a realização e novas eleições para a liderança do PPD e que se recandidataria. Aproveitando uma ideia do Compadre Jodé, humorista que muito aprecio, dita na RTP Madeira na quarta feira passada, que o Miguel Albuquerque deveria candidatar à liderança do PPD e também à liderança do CDS, já que o lugar está vago e assim apareceria com a coligação com outro estilo, sem correr o risco de haver discussão entre os dois presidentes.

Tudo indica que o arguido Miguel Albuquerque está agarrado ao “tacho” como uma lapa, mas esquece-se que a apanha deste marisco é possível já a partir de 1 de Abril, estando agora no seu defeso. Além disso o Presidente, em gestão, do Governo Regional “é Juiz em causa própria”, pois diz que nunca foi corrompido nem nunca roubou nada. Ora se tem assim tanta certeza porque razão não pede a retirada da imunidade do Conselho de Estado, uma vez que a da Assembleia Regional não se aplica?

Em vez de atacar a torto e a direito, porque razão não se quer por à disposição da justiça?

Que eu saiba a denúncia não foi anónima. O Grupo Parlamentar do Partido Socialista/Madeira agarrou em todo o processo da comissão de inquérito às denúncias do Dr. Sérgio Marques e enviou para o Ministério Público, quer na Madeira, quer em Lisboa. Claro que o da Madeira nada fez e limitou-se a enviá-lo para Lisboa. Isto foi tornado público pelo grupo Parlamentar do PS/M na devida altura. Não foi uma denúncia anónima como alguém do PPD fez às Câmaras Municipais do PS/M e que até agora ninguém foi chamado à justiça, o que demonstra a inverdade da denúncia.

Todo este mês serviu para demonstrar como Miguel Albuquerque está agarrado ao poder, que chega ao ponto de convocar eleições antecipadas para a liderança do PPD, com prazos que não permite o aparecimento de mais candidatos.

Esperemos que as eleições Regionais se realizem no mesmo dia das eleições para o parlamento Europeu, até a máquina eleitoral será a mesma.