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Lula aceita convite de Lavrov para comparecer na Cimeira dos BRICS na Rússia

A última reunião presencial dos BRICS aconteceu em Agosto do ano passado. Foto Arquivo/GIANLUIGI GUERCIA / POOL / AFP
A última reunião presencial dos BRICS aconteceu em Agosto do ano passado. Foto Arquivo/GIANLUIGI GUERCIA / POOL / AFP

O chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva, aceitou quinta-feira o convite feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, para participar na Cimeira dos BRICS, em outubro, na Rússia, indicou um comunicado oficial de Brasília.

Segundo o comunicado da Presidência brasileira, o convite foi formulado por Lavrov num encontro no Palácio da Alvorada, na residência oficial do chefe de Estado em Brasília, à margem da reunião do G20 (grupo dos 20 países mais industrializados do mundo), que decorreu no Rio de Janeiro.

No comunicado é indicado que Lavrov reforçou o convite já feito pelo homólogo russo, Vladimir Putin, para a Cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, numa primeira fase, e Etiópia, Egito, Irão e Emirados Árabes Unidos, numa segunda), obtendo como resposta a confirmação da presença de Lula da Silva.

Segundo o comunicado, escrito em tom diplomático, a Rússia manifestou também o apoio ao pedido do Brasil para ocupar um lugar permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que o Presidente brasileiro agradeceu.

Por seu lado, prossegue a nota, Lula da Silva reafirmou a importância de uma nova governança global para lidar com temas como a inteligência artificial e as mudanças climáticas, "que não podem ser enfrentadas isoladamente". 

O Presidente brasileiro sublinhou a importância das iniciativas que o Brasil tomou, junto com outros países detentores de florestas tropicais, para combater o desmatamento e de procurar "formas mais justas de remuneração pela preservação desses biomas". 

Ao ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Lula da Silva defendeu ainda a necessidade de "aprimorar os mecanismos de financiamento aos países em desenvolvimento".

No âmbito bilateral, Lula da Silva destacou os números do comércio que atingiu um recorde histórico em 2023 e a necessidade de diversificar a pauta comercial, sem adiantar pormenores.

Sobre a Ucrânia, a que o comunicado dedica apenas uma linha, Lavrov expôs as posições da Rússia em relação ao conflito na Ucrânia. 

"O Presidente Lula reiterou a posição de que o Brasil continua disposto a colaborar com os esforços em favor da paz", lê-se na nota, sem mais pormenores.

Na reunião, a pedido do chefe da diplomacia russa, ainda segundo o comunicado, Lula da Silva e Lavrov analisaram temas da agenda bilateral, os debates ocorridos no G20 e questões globais.

Quinta-feira, numa conferência de imprensa, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse ter discordado de Lula da Silva sobre a comparação entre a ofensiva israelita ao Holocausto, mas garantiu que isso não afetou a boa relação com os Estados Unidos.

"É óbvio que discordamos profundamente da comparação de Gaza com o Holocausto, mas isso é algo que os amigos fazem", disse Blinken que, um dia antes, foi recebido por Lula da Silva sem que ambos tenham falado sobre a invasão russa da Ucrânia.

Na reunião de quarta-feira com Lula da Silva, o chefe da diplomacia norte-americana manifestou o repúdio pela comparação do Presidente brasileiro, que provocou uma crise diplomática entre Israel e o Brasil, embora, um dia depois, tenha afirmado que as declarações não põem em causa as relações com os Estados Unidos.

Blinken, cujo pai adotivo foi um sobrevivente do Holocausto, observou que, apesar do comentário de Lula da Silva, os Estados Unidos e o Brasil concordam com a necessidade de conseguir a libertação dos reféns do Hamas e de um cessar-fogo humanitário em Gaza.

Na sessão de quarta-feira, as 45 delegações presentes incluindo membros do G20, convidados e organizações internacionais discutiram os atuais conflitos internacionais, nomeadamente em Gaza e na Ucrânia.

"Vários países reiteraram a sua condenação da guerra na Ucrânia, como tem acontecido desde 2022 após o início do conflito", afirmou o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira.