Terá algum partido contratado jornalistas para investigar políticos?
Na sessão plenária de hoje na Assembleia Legislativa da Madeira, causou alguma surpresa a intervenção de Avelino da Conceição em que acusou um partido de "contratar uma jornalista" para "investigar" e "denegrir" políticos. Uma acusação grave que, por não ser concretizada, põe em causa a idoneidade da generalidade dos jornalistas.
O deputado socialista não especificou qual o partido e, muito menos, quem seria a jornalista em causa, facto que levou a reacções de profissionais de comunicação social.
O DIÁRIO procurou saber mais sobre esta acusação e, junto do grupo parlamentar socialista, foi possível saber que em causa não estaria uma jornalista mas, sim, alguém que trabalha para uma empresa de assessoria política e que estaria a trabalhar na Região.
A pessoa em causa poderá ter sido jornalista mas, neste momento, desempenha funções que são claramente incompatíveis com a Carteira Profissional, o Estatuto e o Código Deontológico dos jornalistas.
O Estatuto do Jornalista, de cujo cumprimento depende a atribuição e manutenção do título profissional - a atribuição e fiscalização é garantida pela Comissão da Carteira Profissional de Jornalista -, é claro ao considerar incompatível com o exercício da profissão "funções de marketing, relações públicas, assessoria de imprensa e consultoria em comunicação e imagem".
As empresas de consultoria política ou assessoria de comunicação, contratadas por vários partidos - seria este o caso que o deputado pretendia denunciar - exercem uma actividade totalmente incompatível com o jornalismo, pelo que nenhum dos seus trabalhadores pode deter o título profissional de jornalista.
Também o Código Deontológico dos jornalistas é claro ao determinar que "o jornalista deve recusar funções, tarefas e benefícios susceptíveis de comprometer o seu estatuto de independência e a sua integridade profissional".
Sendo assim, e também pelo que foi possível confirmar junto de fontes socialistas, a afirmação de Avelino da Conceição não é correcta. O deputado deveria saber a diferença entre jornalistas e funcionários de empresas de assessoria de comunicação.