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Líder da oposição israelita admite acordo com Hamas para libertar reféns

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Foto AFP

O líder da oposição israelita e membro do gabinete de guerra, Benny Gantz, reconheceu hoje que as autoridades israelitas receberam "sinais" que indicam a "possibilidade de avançar" com um novo acordo com o Hamas para a libertação de reféns.

"Nos últimos dias decorreram tentativas de promover um novo esquema, existem sinais iniciais que indicam a possibilidade de avançar. Não deixaremos de procurar o caminho e não perderemos nenhuma oportunidade para os trazer de volta a casa", disse o ex-ministro da Defesa israelita no decurso de uma conferência de imprensa em Telavive.

Na semana passada, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu opôs-se ao envio de uma delegação para nova ronda de negociações no Cairo para a libertação de reféns. Esta decisão motivou divergências entre Gantz e outros membros do gabinete estabelecido na sequência dos ataques do Hamas em 07 de outubro.

Por sua vez, Gantz confirmou que as forças militares israelitas vão efetuar uma nova ofensiva sobre a cidade de Rafah -- sul da Faixa de Gaza onde se concentram em condições limite cerca de 1,4 milhões de palestinianos -- quando se confirmar a retirada da população local, presumivelmente em direção ao norte do enclave.

"Estamos perante uma operação em Rafah que começará após a retirada da população da zona. A importância da purificação de Rafah é a capacidade de provocar de deteriorar as forças do Hamas que aí operam e a necessidade de demarcar a Faixa de Gaza", disse o presidente do partido Unidade Nacional, confirmando as ameaças emitidas previamente por Netanyahu.

Gantz advertiu que caso não seja concretizado o plano para o regresso dos reféns antes do mês do Ramadão -- que este ano se celebra a partir de 10 de março --, as Forças Armadas israelitas continuarão em atividade na Faixa de Gaza durante a principal data religiosa do calendário muçulmano.

"Se não houver um plano de reféns, continuaremos também a atuar durante o Ramadão (...). Em qualquer situação, continuaremos a lutar com a intensidade necessária para eliminar a ameaça do Hamas", frisou.

O ministro do gabinete de guerra, que assegurou opor-se à total restrição do acesso à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém -- o terceiro local mais sagrado do Islão -- durante o Ramadão, disse que as autoridades estão a "examinar uma série de opções" para a transferência de ajuda humanitária a Gaza através "de uma administração internacional de países árabes moderados com apoio dos Estados Unidos".

O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro, tendo morrido cerca de 1.200 pessoas foram mortas, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas.

Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 100 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 29.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas cerca de 70.000, também maioritariamente civis. Cerca de 8.000 corpos permanecem debaixo dos escombros, segundo as autoridades locais.

As agências da ONU indicam ainda que 156 funcionários foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

Desde 07 de outubro, pelo menos 392 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico. Também foram registadas 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.