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Nova exposição no Museu Etnográfico remete-nos para o mundo das curandeiras e do 'mau-olhado'

A ocasião foi, também, aproveitada para dar a conhecer o terceiro documentário da série ‘Museus Vivos’, cuja realização e edição do vídeo é da autoria de Rui Dantas Rodrigues, com locução de Sandra Cardoso

Eduardo Jesus marcou presença na inauguração da nova exposição temporária do MEM.
Eduardo Jesus marcou presença na inauguração da nova exposição temporária do MEM., Foto DR/SRTC

Esta exposição estará patente ao público até 4 de Abril e é de entrada livre.

Foi esta tarde inaugurada, no Museu Etnográfico da Madeira, na Ribeira Brava, a exposição temporária ‘Arribar – Artes de Cura e Protecção’, uma mostra que nos remete para um saber e uma tradição popular que se perdem no tempo e enriquecem o património cultural imaterial madeirense, tendo a cura e o 'mau-olhado' como foco. 

Foram repiscados rituais que, noutros tempos, quando a medicina ainda não estava ao alcance da maioria da população, eram a melhor forma de o povo procurar arribar (melhorar) das suas doenças e ultrapassar as dificuldades do dia-a-dia. Nessas alturas, a curandeira era uma figura de relevo na sociedade e um recurso para quem se encontrava doente. 

Na ocasião, Eduardo Jesus fez questão de salientar a importância da preservação destes saberes e rituais para a preservação da essência da sociedade regional, falando mesmo do reforço do "orgulho de ser madeirense". 

Dirigindo-se aos presentes, o secretário regional de Turismo e Cultura reforçou os agradecimentos à directora do Museu Etnográfico, Lídia Goes Ferreira, e à equipa pelo trabalho que têm desenvolvido aos longo dos anos, ressalvando que o Museu Etnográfico da Madeira "tem uma presença muito especial nas nossas vidas", enquanto "casa que guarda, acima de tudo, as nossas memórias". 

Falando sobre o terceiro documentário da série ‘Museus Vivos’, cuja realização e edição do vídeo é da autoria de Rui Dantas Rodrigues, com locução de Sandra Cardoso, o governante ressalvou o "activo" que é a experiência adquirida ao longo dos anos, que deve ser valorizado, aludindo à participação de alguns elementos da Universidade Sénior da Ribeira Brava na recolha feita, nomeadamente com contributo activo para o documentário. 

"Sem a vossa experiência, sem os anos que viveram e que com essa vida aprenderam e acumularam esse saber, e nos emprestam agora um pouco desse conhecimento, nós não teríamos oportunidade de estar aqui hoje e não teríamos oportunidade de rever todas essas práticas", reforçou Eduardo Jesus, rematando com a importância da abertura do Museu Etnográfico à sociedade, aspecto que se vai materializando em iniciativas como a que hoje teve lugar. 

Já Lídia Goes Ferreira enfatizou o aproveitamento feito dos recursos naturais por parte dos madeirenses, que ganhou forma, no caso, nas artes de cura e protecção que a população engendrou ao longo dos tempos. 

Sobre a exposição, a directora daquele Museu, deixou a nota de que a mesma se divide em duas partes, subjugadas ao mesmo tempo. Numa secção podemos apreciar a utilização das plantas, tanto ao natural, como depois de secas, usadas para se proteger das doenças numa altura em que escasseavam os médicos; noutra vertente vamos encontrar as formas encontradas pelo homem para de defender e proteger do que não conhecia, numa fé que se traduzia em alguns objectos, como medalhas, ferraduras, entre outros, actuando a vários nuvens, onde se inclui, também, a cura do 'mau-olhado'. 

O trabalho de recolha foi realizado por César Ferreira.