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Fact Check Madeira

Vinda à Madeira dos secretários-gerais do PS em período eleitoral é algo habitual?

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Ontem, a meio da tarde, o DIÁRIO divulgou uma notícia, da autoria da Agência Lusa, a dar conta de que Pedro Nuno Santos se vai deslocar à Madeira na próxima semana, no âmbito da pré-campanha para as eleições para a Assembleia da República, que se realizam no próximo dia 10 de Março.

A notícia mereceu um conjunto alargado de comentários, nas redes sociais. Muitos deles, de pessoas que, claramente, não se identificam com o secretário-geral do PS e com o próprio partido. Há mesmo, quem coloque em causa a mais-valia de tais visitas à Região.

No entanto, a vinda de Pedro Nuno Santos é algo de excepcional, quando comparada com a prática dos secretários-gerais do PS, pelo menos, nos últimos 15 anos?

Para tirarmos a dúvida, começámos por fazer um levantamento de quais foram os secretários-gerais do PS, ao longo da sua história e entre que anos desempenharam tais funções. Para tal, socorremo-nos da informação oficial do partido, que consta da sua página oficial na Internet.

Depois, com informação da CNE (Comissão Nacional de Eleições), verificámos que eleições para a Assembleia da República se realizaram no mandato de cada um deles, mas a nossa atenção recaiu nos últimos 15 anos, o que, na prática, inclui os mandatos de José Sócrates, António José Seguro, António Costa e, agora, Pedro Nuno Santos.

Destes secretários-gerais, apenas um, António José Seguro, não teve eleições legislativas nacionais durante o seu mandato.

O primeiro secretário-geral, do período em análise, foi José Sócrates. As suas primeiras eleições foram em 2005, fora do período em consideração. As primeiras, nos últimos 15 anos, realizaram-se em Setembro de 2009 e as segundas em Junho de 2011.

Quer nas eleições de 2009, quer nas de 2011, José Sócrates deslocou-se à Madeira, no âmbito do processo eleitoral. Fê-lo, pelo menos, a 24 de Agosto de 2009 e a 17 de Maio de 2011.

António Costa também teve três actos eleitorais, para eleger deputados à Assembleia da República, durante os seus mandatos como secretário-geral socialista. Foram em 4 de Outubro de 2015, 6 de Outubro de 2019 e 30 de Janeiro de 2022.

Também o ainda primeiro-ministro veio à Madeira, no âmbito partidário, para cada uma daquelas eleições. Houve visitas de António Costa à Madeira, pelo menos, a 11 de Setembro de 2015, 19 de Maio de 2019 e 18 de Janeiro de 2022.

Agora, é a vez de Pedro Nuno Santos liderar o PS-Nacional e, como revelado na notícia, que é o ponto de partida para este fact check, tem agendada uma visita à Madeira para o dia 27 deste mês, terça-feira da próxima semana.

Sempre que um secretário-geral do PS vem à Madeira, no âmbito de campanha ou pré-campanha, é alvo das mais contundentes críticas, em especial, por parte do PSD-Madeira ou mesmo do Governo Regional, até hoje, sempre liderado pelo PSD.

No meio político, há quem questione mesmo se a vinda de dirigentes nacionais se constituem como uma mais-valia eleitoral ou uma menos-valia, se dá ou retira votos ao partido.

Tradicionalmente, o PSD não conta com dirigentes nacionais, mas, como se viu nas eleições regionais do ano passado, o presidente do PSD, Luís Montenegro, veio em campanha e esteve na noite eleitoral.

O que é verdade é que ninguém sabe ao certo que efeito tem a vinda de dirigentes nacionais, à campanha das estruturas regionais do partido. Reúne uma certa unanimidade a ideia de que, em alguns casos, a estrutura regional capitaliza a visita com a obtenção de votos, mas, noutros, acontece uma situação contrária, há perda de votos.

Tendo em conta o histórico da prática socialista, que conta sempre com o secretário-geral na pré-campanha/campanha das eleições legislativas nacionais na Madeira (verificado para os últimos 15 anos), pode-se deduzir que o partido acredita haver uma mais-valia política, na vinda dos dirigentes nacionais à Região.

Pela análise feita e aqui reflectida, se verifica que a vinda de Pedro Nuno Santos, à Madeira, na próxima semana, nada tem de excepcional na vida do partido, que aparenta acreditar ser uma mais-valia eleitoral a presença dos secretários-gerais do PS-Nacional, na Região. As críticas sempre existiram, em particular, por pessoas próximas do PSD, e, previsivelmente, continuarão a existir.

A vinda de secretários-gerais do PS à Madeira já é um hábito em processos eleitorais.