"Quase de certeza"
O calendário apressado revela um PSD-M transtornado
Boa noite!
Miguel Albuquerque definiu hoje para o partido na Região um calendário apressado. Faltam nove dias para as listas de candidatos à liderança do PSD-M serem entregues e “quase de certeza” que ninguém se vai atravessar no caminho do actual líder do partido. Por não ter pachorra. Por não ter tropas. Por não ter tempo. "Quase de certeza" que só Albuquerque voltará à carga e disputará o cargo que, pelos vistos, no actual contexto, ninguém quer porque queima.
Com esta opção o PSD revelou-se visivelmente transtornado. Refém de um líder que é arguido, mesmo que possa ser inocente. Órfão de alternativas sonhadas, pela mesma razão. Incapaz de ter soluções surpreendentes, já que se acomodou aos mínimos quando as dependências em que se meteu há mais de quatro anos obrigavam a que acendesse os máximos. Mais:
1. Ignorou uma remota probabilidade admitida sábado por Ireneu Barreto, que mantendo na mesma o governo em funções de gestão, admitiu um futuro do executivo se essa fosse a vontade do Presidente da República em finais de Março.
2. Fiou-se no confidente de Belém. Marques Mendes fez as mesmas contas que o DIÁRIO apresentou sábado e ontem na SIC confidenciou que as eleições antecipadas são provavelmente lá para o final de Maio", pois Marcelo Rebelo de Sousa "está a pensar em fazer a dissolução" do parlamento regional a partir de 24 de Março, data a partir da qual tem o poder para tomar essa decisão.
3. Rasgou os dois calendários que levou ao Representante da República antes do Carnaval. O que defendia, e que implicava nomeação de novo governo regional, com tomada de posse a 22 de Fevereiro, já era. O que não desejava e previa directas a 3 de Maio e Congresso a 15 e 16 de Junho, também foi à vida, tal como a estratégia definida por unanimidade no último conselho regional.
4. Brincou com o fogo. A Madeira continua sem Orçamento e assim ficará sabe-se lá até quando, pois “quase de certeza” que as eleições ditarão o que já se sabe desde 2019, que as maiorias absolutas de um só partido e à moda daquele que um dia vaticinou “depois de mim o caos”, não voltam mais.
5. Pôs-se a jeito, desviando atenções do próximo combate eleitoral que é já a 10 de Março e que precisa de ganhar na Região, sob pena de passar à história. Até porque só um resultado aceitável pode ser redentor num contexto político adverso e com perdas acumuladas em cada acto eleitoral desde 2015. Se o PSD-M não conseguir, sozinho ou acompanhado, reconquistar a confiança perdida, “quase de certeza” que o congresso de Abril pode acabar em revolução.