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Montenegro continua a confiar em Albuquerque, já o líder da IL rejeita acordos com governante madeirense

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O presidente do PSD, Luís Montenegro, apelou hoje ao voto útil na Aliança Democrática (AD), mas admitiu que existe terreno para entendimentos com a IL, num debate em que Rui Rocha o desafiou com 10 propostas para o futuro do país. Já quanto à Madeira, as opiniões divergiram.

Num frente-a-frente cordial na SIC, no âmbito das eleições legislativas de março, os dois candidatos pronunciaram-se sobre a decisão do representante da República na Madeira de manter o Governo Regional (PSD/CDS-PP) em gestão até o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, decidir se dissolve a Assembleia Legislativa. Luís Montenegro disse que vai "aguardar serenamente" por desenvolvimentos e manifestou confiança no PSD/Madeira, na capacidade de Miguel Albuquerque em governar, apesar da sua condição de arguido, e garantiu que não tem medo de ir a votos. Já Rui Rocha defendeu eleições e rejeitou possíveis entendimentos com Albuquerque na região, caso este volte a ser indicado ou eleito como presidente do Governo Regional.

Neste debate televisivo, o presidente do PSD (em representação da AD, coligação que junta sociais-democratas, CDS-PP e PPM) começou por apontar que a IL não quis entendimentos pré-eleitorais, decisão que tomou "por vontade própria". "O que eu quero dizer com toda a atenção e toda a firmeza é que esta atitude é legítima, respeitável, mas o que está em causa nas eleições legislativas é a eleição de um primeiro-ministro também. É a eleição de deputados, mas é a escolha entre duas opções para liderar um Governo: a opção do PS e da AD", frisou, apelando aos eleitores que tenham este fator "em linha de conta".

Na resposta, o presidente da IL, Rui Rocha, atirou: "Creio que o que é mais importante nesta matéria, e os portugueses percebem isso, é que a solução para o país está nesta mesa".  Para o líder dos liberais, qualquer voto que não seja nestes dois partidos "é um voto que atrasa a solução, que pode bloquear a solução e que consiste no final do dia numa solução que é manter o PS no Governo".

No entanto, rebatendo o apelo ao voto útil de Montenegro, Rui Rocha defendeu a escolha da IL como um "voto estratégico", considerando que a proposta da AD "não é suficiente" e entregou a Luís Montenegro "10 desafios para um Portugal com futuro". Entre esses desafios, Rocha deu como exemplo a redução fiscal e distinguiu a proposta da IL para o IRS da apresentada pela AD, argumentando que, com o atual Orçamento de Estado socialista, uma pessoa que ganhe 1.500 euros brutos por mês "paga de imposto, antes de deduções, 211 euros por mês". "O PSD retira cinco euros por mês a esta proposta e nós retiramos 109 euros. Aqui vemos aquilo que é a ambição da IL de redução do IRS e a ambição do PSD", sustentou.

Luís Montenegro contrapôs que, além desta proposta, a AD propõe duas medidas complementares como uma taxa máxima de IRS de 15% para jovens até aos 35 anos, bem como a "isenção de 100% de IRS dos prémios de desempenho e produtividade até ao limite de um vencimento mensal".

Rui Rocha apontou algumas críticas a estas medidas, mas Montenegro viu "condições para aproximar posições", uma vez que "o objetivo final é o mesmo".

Na saúde, Montenegro foi o primeiro a assinalar divergências, sustentando que para a AD "a base do sistema de saúde é o SNS", sendo complementado com os setores social e privado. Na visão do presidente do PSD, a proposta da IL "tem uma visão mais concorrencial e de sistema, onde a liberdade de escolha [entre setores] estaria assumida desde início". "Admito que o objetivo final seja o mesmo, mas eu entendo que o país não está capacitado para poder dar esse passo de ter uma liberdade de escolha completa e ter uma formulação concorrencial entre os três setores de atividade", argumentou.

Rui Rocha insistiu que para os liberais "essa escolha deve existir sempre", dando como exemplo o modelo dos beneficiários da ADSE. A privatização da Caixa Geral de Depósitos, defendida pela IL, mereceu a oposição de Luís Montenegro, que considerou que o banco público deve ser "uma válvula de segurança" para eventuais crises.

Por seu turno, Rui Rocha defendeu que o banco deve ser privatizado para evitar "intromissões do poder político". Já o desejo de privatizar a TAP uniu os dois dirigentes.  Entre os 10 desafios entregues ao líder do PSD estão propostas como a redução do IRS "com um regime transitório com duas taxas de 15% e 28%", redução do IRC, ou a "garantia da sustentabilidade da Segurança Social com a introdução de um pilar de capitalização".