Blinken expressa a Pequim preocupação com arma anti-satélite e apoio chinês à Rússia
O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, transmitiu hoje ao homólogo chinês, Wang Yi, à margem da Conferência de Segurança de Munique, preocupação com o apoio de Pequim à Rússia e o desenvolvimento de uma arma antissatélite por Moscovo.
"As duas partes tiveram uma discussão franca e construtiva sobre uma série de questões bilaterais, regionais e globais" como parte dos seus esforços para "manter linhas de comunicação abertas e gerir a sua concorrência de forma responsável", destacou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em comunicado.
O chefe da diplomacia norte-americana insistiu particularmente na importância de "manter a paz no estreito de Taiwan e no mar da China Meridional", destacou.
Blinken também lembrou a preocupação de Washington "com o apoio da China à Rússia na sua guerra na Ucrânia, incluindo o apoio à indústria de defesa russa", de acordo com a diplomacia norte-americana.
Washington também expressou receios relacionados com o desenvolvimento de uma capacidade antissatélite pela Rússia, noticiou a agência France-Presse (AFP), que cita um responsável norte-americana.
A Casa Branca adiantou na quinta-feira que a Rússia está a desenvolver "uma capacidade antissatélite", embora se recusasse a dizer se tinha ou não uma dimensão nuclear.
A administração liderada pelo democrata Joe Bidé sublinhou ao mesmo tempo que esta não representava "uma ameaça imediata".
O encontro com Wang Yi surge no âmbito dos esforços da China e dos Estados Unidos para estabilizar uma relação tensa, na sequência da cimeira entre o líder norte-americano Joe Biden e o chinês Xi Jinping, que decorreu em novembro, na Califórnia.
Depois de um período particularmente tenso no início do ano passado, relacionado com o caso do 'balão espião' chinês que sobrevoou os Estados Unidos, Washington e Pequim mostram o desejo de gerir a sua relação de "maneira responsável" e estão ansiosos por progredir na cooperação em determinados domínios, como a luta contra o fentanil.
As discussões em Munique, capital do estado alemão da Baviera, ocorrem num momento em que o Congresso dos EUA está a analisar um pacote de ajuda à Ucrânia e Israel, mas também para Taiwan, um importante aliado estratégico dos Estados Unidos.
Este impasse no Congresso decorre no contexto de um ano eleitoral nos Estados Unidos, e numa altura em que o rival republicano de Joe Biden, o antigo Presidente Donald Trump, faz campanha defendendo uma abordagem de confronto com a China.
Os Estados Unidos e a China realizaram reuniões separadas nas últimas semanas para conter o tráfico de fentanil, a droga sintética que mata dezenas de milhares de norte-americanos todos os anos.
Pouco antes da sua reunião com o ministro chinês, Blinken também se encontrou em Munique com o seu homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar, representando o outro gigante asiático.
Blinken elogiou uma "parceria extraordinária que se fortaleceu nos últimos anos para se tornar mais forte do que nunca".
O governo norte-americano aprovou no início de fevereiro a venda à Índia de 'drones' militares no valor de 4 mil milhões de dólares, uma garantia de reforço da sua cooperação, incluindo militar, para grande desagrado de Pequim.