O golpe de 24 de Janeiro (II)
Já tinha escrito neste espaço – com a devida vénia ao Diário de Notícias – sobre a operação mediática conduzida pelo Ministério Público a 24 de Janeiro cujo efeito imediato foi a detenção de três cidadãos livres, e as consequências seguintes foram uma crise política artificialmente criada pelo Ministério Público.
Regresso ao tema, depois de ontem, três semanas depois (!) da detenção, os três cidadãos terem sido libertados por ordem de um juiz, que, não viu “QUALQUER INDÍCIO DE CRIME” nas toneladas de supostas 'provas' que o Ministério Público recolheu!
A gravidade desta atuação é imensa a vários níveis. Em primeiro lugar, para a imagem pública e o bom nome dos três intervenientes, que nas últimas três semanas foram privados da sua liberdade, afastados das suas famílias, e viram as suas vidas devassadas na praça pública, com a cumplicidade e participação ativa do Ministério Público. Foram estes, os magistrados, que avisaram previamente os jornalistas do continente para a operação na Madeira, como foram eles que, cirurgicamente, foram revelando as supostas provas, alimentando uma narrativa que apenas serviu para diabolizar estes três cidadãos.
Em segundo lugar, para a nossa democracia. Num par de meses, o Ministério Público deitou abaixo dois governos legitimamente eleitos. E se na República o acumular de casos e casinhos contribuiu para o desgaste do primeiro-ministro, aqui na Madeira existia (existe!) um governo com legitimidade para governar, eleito há três meses. Um governo que cai por uma teia de suspeitas, tecida pelos magistrados do Ministério Público, que depois foram arrasadas pelo juiz que mandou libertar imediatamente os suspeitos.
O resultado desta ‘AVENTURA’ do Ministério Público, é uma Região com um governo em gestão, sem orçamento, e um partido, o PSD, que em conjunto com os madeirenses, foi o grande responsável pelo desenvolvimento da Madeira, atacado nas suas lideranças, em plena campanha eleitoral.
Fica a pergunta: Quem ganhou com tudo isto? Penso que o leitor sabe a resposta...
Ruben Coelho