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Investigação Judicial Madeira

Ministério Público atribui responsabilidade pelo atraso dos interrogatórios ao juiz

Três arguidos ficaram detidos durante três semanas até conhecer as medidas de coacção

Campus de Justiça de Lisboa 
Campus de Justiça de Lisboa , Foto MP

Procuradoria-Geral da República garante que existem evidências da prática de crime por parte de Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia

O Ministério Público atribui ao juiz de instrução criminal, Jorge Bernardes de Melo, a responsabilidade pelo atraso dos primeiros interrogatórios judiciais aos três arguidos detidos por suspeitas de corrupção na Região Autónoma da Madeira. 

Em comunicado emitido esta sexta-feira, 16 de Fevereiro, a Procuradoria-Geral da República lamenta o "longo período de tempo decorrido desde as detenções até à prolação do citado despacho" e iliba-se de qualquer culpa pela morosidade do processo que fez com que os investigados ficassem detidos por três semanas a aguardar a aplicação de medidas de coacção. 

No documento oficial é referido que as procuradoras do Ministério Público "procuraram sensibilizar, por múltiplas vezes e pelos meios ao seu alcance", o magistrado judicial para "a incomum demora registada" e para "a necessidade de" assegurar "maior celeridade" aos interrogatórios em curso. 

A defesa de Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia requereu, por duas vezes, a libertação dos arguidos detidos até que fossem conhecidas as medidas de coacçõa, pedidos que acabaram por ser indeferidos pelo juiz de instrução criminal. Os advogados justificaram que o Ministério Público se mostrou contra a restituição da liberdade dos investigados apontando para o perigo de fugo e perturbação do inquérito.

Nas últimas semanas, os advogados dos arguidos justificaram os atrasos no início do primeiro interrogatório judicial com os “lapsos na apresentação do Ministério Público” e com as “dificuldade em ter acesso aos elementos indiciários”.

A Procuradoria-Geral da República garantiu hoje, no mesmo comunicado, que existem evidências da prática de crimes ligados À contratação pública na Região por parte do ex-vice-presidente do Governo Regional, Pedro Calado, do líder do grupo AFA, Avelino Farinha, e do CEO da Socicorreia, Custódio Correia. 

Os elementos probatórios recolhidos, expressa o MP, apontam "indiciariamente, de forma consistente e sustentada, para o cometimento de um conjunto de ilícitos (...) e para a necessidade de aplicação de medidas de coacção mais gravosas do que o termo de identidade e residência".