Da social democracia exigia-se muito mais
- No espaço de meia dúzia de meses, o Ministério Público fez cair dois governos e o presidente de uma das câmaras mais importantes do país sem qualquer tipo de contemplações ou responsabilidade aparente.
- Pior só mesmo a postura dos (inocentes) sociais-democratas, de cá e de lá, com responsabilidades públicas e políticas, que se remeteram ao silêncio e, até, procuraram ignorar quem ontem saiu em liberdade.
- Se da Oposição devemos esperar tudo, moções de censura, tentativas de derrubar governos, porque faz parte da dialéctica política, da social democracia exigia-se muito mais. Nomeadamente a defesa dos valores, da dignidade e do humanismo, dos quais nunca abdicou Francisco Sá Carneiro.
- “Os factos supra descritos são susceptíveis de consubstanciar, em abstracto, a prática de factos que poderão integrar crimes”. É uma das frases que consta no processo do Tribunal Central de Instrução Criminal. Ora, perante estes dados, não se podiam julgar pessoas na praça pública, apenas com base em suspeitas abstractas. Mas foi ao que fomos assistindo, através de um circo montado e alimentado por jornalistas vindos do continente, que tiveram acesso privilegiado e de forma antecipada a um processo que vai custar milhões a todos os portugueses.
- Para já, fica somente o julgamento na praça pública, que é para a vida. Mas convirá não esquecer que as pessoas julgadas na praça pública podem vir a ser absolvidas, enquanto quem cometeu o crime de divulgar suspeitas de forma anónima ficará sempre incólume.
Filipe Sousa