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O fim da “história”

Temos pedintes, sem-abrigo e toxicodependentes nas ruas da cidade. Um escândalo, dizem alguns. Sinal de inatenção, ou de falta de vontade. Mau para a imagem do destino… Aquilo que me apetece dizer, sempre que ouço estas reclamações é “disparate!” Nem contesto que estas pessoas se sintam chocadas, mas parece-me abusivo concluir que estas situações afectem, seja como for, a imagem da Madeira, e especialmente a sua imagem como destino de turismo.

Até porque há coisas que me preocupam mais. Muito mais. Não oiço estas mesmas pessoas a se insurgirem contra casos gritantes de corrupção, por demais evidente há anos, e que – estes sim - afectam a imagem e o futuro da Madeira como destino, até porque permitem finalmente compreender como se vem gerindo, desde há mais de quarenta anos, o destino e as suas prioridades.

Estou obviamente a falar das investigações que acabaram (espero…) com mais de quarenta anos de desgoverno destas ilhas, porque permitiram perceber os critérios que levaram à aprovação de determinados projectos e à recusa de outros, e do porquê que alguns empresários podiam tudo, enquanto o comum dos mortais não podia nada.

É óbvio, parece-me, que os destinos de uma região não se podem compadecer com os princípios (ou falta deles) do maior pagador para os bolsos do edil ou membro do governo (ir)responsável por um determinado sector. Especialmente quando este sector é responsável pela esmagadora maioria do rendimento que mantém em funcionamento a Região.

A minha esperança é que este desastre de imagem, que põe certamente em causa a imagem e o futuro da autonomia, pelo menos em Portugal, sirva de alerta aos madeirenses, no sentido que excluam o PSD das suas opções de futuro. Porque já se viu que a sua visão de futuro envolve apenas os seus próprios bolsos, e depois os dos seus compinchas.

A prioridade no futuro, depois de arredado do governo o PSD e os seus caudilhos (muito à moda das repúblicas das bananas da América Latina), é a recuperação da imagem do regime autonómico, de uma reforma profunda deste regime, tornando-o mais transparente, mais responsável e mais permeável às reais necessidades das populações, ao mesmo tempo que se instaura um modelo económico mais responsável, mais sustentável, mais participado e mais abrangente.

E que na Madeira se cumpra, finalmente, Abril. Está na altura de afastar da Região, em definitivo, os hábitos, costumes, necessidades e “sombras” da velha senhora.