“Como cuidar de alguém que precisa de cuidados médicos constantes?”
Em 2024 existem 221 altas problemáticas na Região
Parlamento Regional debateu proposta do PCP sobre "altas clínicas em unidades hospitalares"
Deixar o meu pai no hospital foi uma decisão dilacerante (…). Nós temos espaço, não temos recursos (…). Cuidar de um idoso é um trabalho monumental (…). Os custos emocionais e financeiros são enormes (…). Como cuidar de alguém que precisa de cuidados médicos constantes?
O testemunho é de uma filha de um utente com doença de Parkinson, que permanece na unidade hospitalar, após ter tido alta, por alegada incapacidade da família em fazê-lo regressar ao lar. O e-mail foi lido, perante o plenário madeirense, pelo deputado único da IL Nuno Morna, para retratar a realidade enfrentada por muitas famílias madeirenses.
Em causa estava a discussão de um projecto de resolução, da autoria do PCP, sobre as "altas clínicas em unidades hospitalares".
Sancha Campanella, pelo PS, instou o Parlamento Madeirense a apoiar esta e outras iniciativas que apresentem soluções para responder às chamadas altas problemáticas.
Os socialistas defendem, entre outras medidas, a expansão dos serviços de acompanhamento domiciliário, mais apoios aos cuidadores informais e a integração de serviços de saúde e sociais.
Paulo Alves do JPP recordou, a este respeito, as notícias vindas a público e que dão conta de “pessoas que são transferidas para os corredores e refeitórios dos hospitais [Nélio Mendonça e dos Marmeleiros] ”. O deputado evidenciou ainda que em 2024 existem 221 altas problemáticas na Região, quando em 2021 eram apenas 16.
O Chega, pela voz da deputada Magna Costa, manifestou que “também é sensível a estas questões”. Segundo a parlamentar, “não é suficiente combater [esta problemática] com investimento”, sendo também necessárias “outras medidas”, nomeadamente uma “maior articulação da rede de cuidados continuados”.
Pelo BE, Roberto Almada defendeu como solução a adaptação do Hospital Dr. Nélio Mendonça para responder a estas altas clínicas.
Cláudia Perestrelo, do PSD, enalteceu por seu turno o trabalho desenvolvido pela Unidade do Doente Frágil, sediada no Hospital do Marmeleiros e tem como principal objectivo "promover cuidados altamente diferenciados de saúde a doentes frágeis e serve de interface entre a alta clínica e o regresso ao domicílio”.
O PAN de Mónica Freitas indicou, na sua intervenção, que “tem no seu programa parlamentar propostas para responder a esta questão”, defendendo entre outros aspectos “uma aposta da manutenção dos idosos nas suas próprias residências, medidas de conciliação da vida pessoal com a vida profissional”, bem como “a valorização dos profissionais do serviço social”.
O CDS afirmou, por sua vez, que “tem vindo a reivindicar o reforço e alargamento da Rede de Cuidados Continuados”. A deputada Ana Cristina Monteiro ressaltou também a importância do reconhecimento dos cuidadores informais, uma medida “também defendida pelo CDS-PP, que hoje é uma realidade [na Madeira]”.
“Claro que nesta área não está tudo feito”, admitiu a centrista, apontando que “também não está tudo feito a nível nacional”. Neste sentido, apelou ainda à responsabilidade do Governo da República nesta matéria.