Comissão Europeia deve manter previsão de 'tímido' crescimento em período de incerteza
A Comissão Europeia divulga na quinta-feira as previsões económicas de inverno, que devem continuar a projetar 'tímido' crescimento económico e cautela na inflação, dependentes da evolução e dos impactos do conflito no Mar Vermelho e dos protestos dos agricultores.
Nas mais recentes previsões económicas, as de outono divulgadas em novembro passado, a Comissão Europeia reviu em baixa, pela segunda vez consecutiva, a previsão de crescimento económico da zona euro, para 1,2% em 2024, devido à perda de dinamismo e ao elevado custo de vida.
Numa altura em que se registam vários bloqueios no Mar Vermelho, onde os combatentes huthis iemenitas estão a atacar embarcações da Marinha Mercante em retaliação pela guerra de Israel na Faixa de Gaza, o executivo comunitário vai na quinta-feira divulgar as mais recentes projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) e inflação da zona euro e da União Europeia (UE), devendo manter uma tendência de cautela.
Estas projeções, que serão divulgadas pelas 11:00 (hora local, menos uma em Lisboa), surgem quando se teme um eventual aumento dos preços na área da moeda única e na União devido a estes ataques no Mar Vermelho, que provocaram perturbações no transporte marítimo e aumentaram os custos nas rotas comerciais entre a Ásia e a Europa.
Até ao momento, ainda não registaram impactos significativos, mas certo é que a economia europeia continua a registar um acanhado crescimento económico, ainda devido aos impactos de uma outra guerra, a da Ucrânia causada pela invasão russa.
Com a economia europeia a tentar recuperar de uma dessas consequências, os elevados níveis de inflação, uma interrupção prolongada das cadeias de abastecimento poderia afetar os planos de redução das taxas de juro, dada a política monetária do Banco Central Europeu (BCE) para estabilidade dos preços.
Em 2023, segundo os dados mais recentes, o PIB da zona euro e da UE cresceu apenas 0,5%, divulgou hoje o Eurostat.
Além dos impactos nas cadeias de abastecimento, o conflito no Médio Oriente entre Israel e o movimento islamita Hamas pode também afetar os preços energéticos, nomeadamente do petróleo, o que por sua vez também pesaria sobre o PIB do espaço comunitário.
Ao mesmo tempo, verificam-se bloqueios em toda a Europa -- em países como Portugal, Espanha, Itália, Roménia, Polónia, Grécia, Alemanha e Países Baixos -- causados pelos protestos dos agricultores europeus.
Com a agricultura a representar cerca de 1,4% do PIB da UE, os agricultores contestam questões como a falta de apoios para fenómenos como a seca, o aumento dos preços das matérias-primas, os baixos salários, a concorrência desleal nomeadamente das grandes superfícies, a excessiva burocracia e ainda as apertadas regras relacionadas com metas ambientais.
Para tentar responder à contestação do setor, a Comissão Europeia já anunciou que iria retirar a proposta que visava reduzir para metade o uso de pesticidas na agricultura até 2030, parte central da legislação ambiental europeia, avançou com uma isenção parcial às regras ambientais aplicáveis às terras em pousio e divulgou que iria apresentar proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores.
Ainda assim, estas greves podem ter impactos na economia europeia se os protestos forem de longa duração.