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Ventura diz que Chega integrar um eventual Governo é questão lateral

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Foto TIAGO PETINGA/LUSA  

O presidente do Chega insistiu hoje que só viabiliza um governo do PSD após as legislativas se houver um acordo de governação e não esclareceu se exigirá integrar esse executivo, dizendo tratar-se de uma "questão lateral".

"Tem de haver um acordo de Governo" para o Chega viabilizar um governo de direita minoritário, afirmou André Ventura, que falava aos jornalistas antes de uma arruada na Costa da Caparica (Almada, distrito de Setúbal).

Questionado se uma das condições para esse entendimento passa por o Chega integrar esse executivo, o líder considerou que "essa questão é lateral", mas afirmou que "em princípio um acordo de governo pressuporá governantes também do Chega".

"Nós nunca nos movemos por lugares, movemo-nos por ideias, por valores e por políticas", salientou, alegando que os "outros só pensam em lugares, em ministérios e em tachos".

André Ventura reiterou que, "se houver uma maioria à direita, o Chega vai estar disponível para construir essa alternativa" e argumentou que "se os outros disserem que não, assumirão essa responsabilidade".

O líder do Chega voltou a rejeitar um acordo parlamentar, mas admitiu a possibilidade de negociar medida a medida ao longo da legislatura.

"Possível é sempre, o Chega já mostrou nos Açores que é um partido responsável", afirmou, mas ressalvou que esta é uma questão a ponderar consoante o resultado das eleições legislativas de 10 de março.

Sobre o debate com o líder do PSD, Luís Montenegro, na segunda-feira, o presidente do Chega considerou que era "um debate importante" e o "mais difícil à direita", e assinalou que "o Chega conseguiu mostrar a sua diferença face à AD" (coligação PSD/CDS-PP/PPM).

André Ventura acusou a Aliança Democrática de não ter propostas contra a corrupção e o líder do PSD de estar "completamente agarrado e manietado e limitado" nesta matéria.

"Foi um debate tenso porque temos um PSD frouxo. Este PSD é o mais frouxo dos últimos anos, é frouxo na imigração, é frouxo na corrupção e é frouxo na governação", criticou.

Questionado porque é que, ainda assim, procura um entendimento com os sociais-democratas, André Ventura respondeu: "O Chega não quer, mas os portugueses é que aparentemente, a darem uma maioria, darão só a estes dois partidos. Preferíamos governar sozinhos, mas o país é o que é".

"Então eles serão os frouxos e nós seremos os duros contra a corrupção", acrescentou.

Sobre a estimativa de Montenegro de que as principais medidas do programa eleitoral do Chega custam mais de 25 mil milhões de euros, Ventura disse que é "falso completamente, isso é da cabeça" do líder do PSD e contrapôs que ficam "abaixo de 10 mil milhões", ainda que "entre 7 a 9 mil milhões" seja a estimativa apenas para o aumento das pensões.

Questionada sobre o debate de hoje com Mariana Mortágua, uma "adversária forte", André Ventura disse esperar um frente a frente esclarecedor e assinalou que dois falam "para eleitorados muito diferentes".

O Chega fez hoje uma arruada na Costa da Caparica, que percorreu durante cerca de uma hora algumas ruas daquela localidade e terminou junto à praia.

Os cerca de uma centena de apoiantes que compunham o grupo liderado por André Ventura e pela cabeça de lista do Chega em Setúbal, Rita Matias, usavam cachecóis do Chega e agitavam bandeiras de Portugal e também outras brancas com o símbolo do partido.

Em dia de Carnaval, foram distribuídas à comitiva máscara com a cara de André Ventura, que foram usadas para gravar um vídeo para as redes sociais.