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Agência da ONU para refugiados apela a ajuda rápida da UE

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A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) afirmou hoje ser "vital" receber rapidamente novos fundos da União Europeia (UE), porque Israel se prepara para um ataque terrestre a Rafah, onde muitos civis se refugiaram.

Segundo o comissário geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, a organização está a sofrer com as alegações de que 12 dos seus 13.000 funcionários em Gaza participaram nos ataques do Hamas a 07 de outubro no sul de Israel. 

A UNRWA despediu imediatamente os funcionários, mas mais de uma dúzia de países suspenderam o financiamento no valor de cerca de 440 milhões de dólares (cerca de 409 milhões de euros), quase metade do orçamento da organização para 2024.

Questionado sobre a importância de a UNRWA receber um pagamento de 88 milhões de dólares (82 milhões de euros) da UE até ao final do mês, Lazzarini, disse ser "absolutamente crítico", salientando que já tinha avisado que a agência poderia ser forçada a fechjar portas antes do início de março.

Em curso estão duas investigações da ONU sobre as alegações de Israel, mas a Comissão Europeia - o terceiro maior doador da UNRWA, depois dos Estados Unidos e da Alemanha - exigiu uma auditoria separada e quer nomear peritos para a efetuar.

A auditoria centrar-se-á "nos sistemas de controlo necessários para evitar o possível envolvimento do pessoal (da UNRWA) em atividades terroristas", declarou o ramo executivo da UE.

A UE insiste igualmente numa "análise de todo o pessoal da UNRWA" para confirmar que não teve qualquer papel nos ataques.

Dos cerca de 13.000 funcionários da agência das Nações Unidas em Gaza, mais de 3.000 continuam a trabalhar no local. Seria impossível averiguá-los todos no espaço de semanas, e o tempo é essencial.

A agência tem sido o principal fornecedor de alimentos, água e abrigo durante a guerra em Gaza, onde cerca de 85% da população foi deslocada.

Parte da auditoria incluiria uma nova "avaliação por pilares" da UNRWA. 

A Comissão Europeia efetua regularmente estes controlos das agências que financia para garantir que cumprem as normas da UE.

Mas até o comissário europeu para a gestão de crises, Janez Lenarcic, admitiu hoje que a avaliação da UNRWA "foi concluída muito recentemente". 

A agência foi também incluída numa auditoria lançada pela Comissão em outubro, que concluiu que não estavam a ser canalizados fundos para o Hamas.

Lazzarini esteve hoje em Bruxelas para informar os ministros da UE responsáveis pela política de desenvolvimento sobre as necessidades da agência e as alegações contra ela.

O chefe da política externa da UE, Josep Borrell, que presidiu à reunião, disse aos jornalistas que "mais ninguém pode fazer o que a UNRWA está a fazer".

"A presunção de inocência é válida para todos, em qualquer altura, mesmo para a UNRWA. Não é segredo que o governo israelita quer livrar-se da UNRWA", afirmou Borrell.

Há muito que Israel acusa a UNRWA de tolerar ou mesmo colaborar com as atividades do Hamas nas instalações das Nações Unidas ou nas suas imediações, mas não chegou a exigir o encerramento imediato da agência. 

Ninguém - em Israel ou no estrangeiro - ofereceu uma alternativa para a entrega de ajuda à população sitiada de Gaza.

Mas, no fim de semana, o exército israelita disse ter descoberto túneis por baixo da sede principal da agência na cidade de Gaza, alegando que os militantes do Hamas usavam o espaço como sala de abastecimento elétrico.

Borrell advertiu que, se a UNRWA deixar de funcionar, "a situação será ainda pior. 

"Centenas de milhares de pessoas são alimentadas e comem todos os dias graças ao trabalho da UNRWA. E não é só em Gaza, mas também no Líbano, na Síria, na Jordânia", concluiu.