A Madeira que tanto nos orgulha
Quem não se lembra das viagens de autocarro nas antigas estrada regionais em calçada e a demora e aventuras que a todos nos obrigavam
Por estas semanas não há conversa que não vá bater ao mesmo e muito se tem dito e escrito sobre a sucessão de acontecimentos desde o passado dia 24 de janeiro. Que se deixe a justiça fazer justiça e esperemos que assim seja, já que, como diz o velho ditado “maus começos, bons acabamentos”.
Partindo do humilde pressuposto que todos desejam, acima de tudo, o bem-estar da população da Região Autónoma da Madeira, importa, antes de mais, uma introspeção consciente através de uma viagem à Madeira de há quarenta anos a esta parte, das políticas levadas a cabo nas mais diversas áreas e da obra pública realizada e de que forma toda esta dinâmica influenciou a vida dos madeirenses. Sem sequer entrar em número concretos nem em dados estatísticos, quem não se lembra das viagens de autocarro nas antigas estrada regionais em calçada e a demora e aventuras que a todos nos obrigavam; das diferenças visíveis daqueles que viviam no Funchal dos restantes e do tratamento diferenciado de que muitos eram alvo; da necessária ausência de casa durante toda a semana para, simplesmente, frequentar a escola secundária; da possibilidade de frequentar um curso universitário ser apenas acessível aos mais abastados; dos dias de aulas ou trabalho perdidos para uma simples consulta médica. Uma realidade que a maior parte dos jovens não viveu mas que os mais velhos não esquecem. A Madeira como hoje a conhecemos é resultado de um longo processo de desenvolvimento, de muitas lutas, não só com o poder central mas também internas vindas dos mais críticos, muitos dos quais tiram hoje fruto desse mesmo desenvolvimento. Foi da capacidade visionária e de resiliência de quem governou esta região que nasceram grandes obras. Desde logo a construção da atual rede viária regional, que trouxe consigo o encurtamento de distâncias e consequentemente o desenvolvimento e valorização das zonas rurais tornando-as atrativas ao investimento privado; a construção de variadas infraestruturas de apoio. A grande obra que foi a ampliação da pista do aeroporto e atualmente a construção do novo hospital. Foram as políticas de apoio à educação, muito à frente de qualquer outra região do país; à saúde, ao desporto onde se têm evidenciado internacionalmente atletas em várias modalidades; à agricultura; à cultura e a diversas classes profissionais e mais recentemente o apoio que tem sido dado no âmbito das novas tecnologias e claro a sempre grande aposta num dos sectores chave da nossa economia, o turismo. É esta a Madeira que nos orgulha e é este o caminho que todos queremos continuar a trilhar, com competência, visão estratégica e capacidade de trabalho. Urge por isso uma análise sobre o discurso de líderes de certos partidos políticos cheios de promessas e demagogia e a reflexão séria se tais indivíduos e respetivas equipas que apresentam, têm competência e a capacidade de trabalho mínimas para manter a senda de progresso e desenvolvimento que tem sido levado a cabo e que a Madeira e os madeirenses merecem. O assunto é sério demais para não levar a mal, mesmo sendo Carnaval.