França está "profundamente preocupada" com ofensiva programada a Rafah
A França mostrou-se profundamente preocupada com os ataques israelitas em Rafah, no sul da faixa de Gaza e instou Israel a para com os combates para evitar uma catástrofe humanitária.
"Uma ofensiva israelita em grande escala em Rafah criaria uma situação humanitária catastrófica a uma escala nova e injustificável", afirmou a porta-voz adjunta do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, Christophe Lemoine.
"A fim de evitar uma catástrofe, reiteramos o nosso apelo ao fim dos combates", acrescentou, numa declaração escrita citada pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).
Paris recorda que "Rafah é atualmente um local de refúgio para mais de 1,3 milhões de pessoas" e salienta que "é também um ponto de passagem vital para a entrega de ajuda humanitária à população de Gaza".
Apesar dos apelos, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, insistiu na sua vontade de lançar uma ofensiva militar contra Rafah, algo a que a França se opõe.
"Em Gaza, como noutros locais, a França opõe-se a qualquer deslocação forçada de populações, proibida pelo direito humanitário internacional", afirmou Christophe Lemoine.
"O futuro da faixa de Gaza e dos seus habitantes só pode passar por um Estado palestiniano que viva em paz e segurança ao lado de Israel", acrescentou.
Na sexta-feira, o primeiro-ministro israelita ordenou às Forças de Defesa de Israel que começassem a preparar a evacuação de Rafah.
Num comunicado divulgado pelo seu gabinete, Benjamin Netanyahu afirmou que Israel não conseguirá derrotar o Hamas sem destruir as forças que o movimento islamita palestiniano mantém naquela cidade, no sul da Faixa de Gaza, e nos seus arredores.
Tanto a ONU como os EUA manifestaram a sua preocupação quanto a uma possível expansão da ofensiva terrestre do exército israelita para Rafah, o último refúgio de mais de um milhão de habitantes de Gaza que fogem dos combates há quatro meses.
O Departamento de Estado advertiu na quinta-feira que uma operação militar em Rafah sem um planeamento adequado para a retirada de civis seria "um desastre".
O ataque do Hamas em 07 de outubro causou cerca de 1.200 mortos, segundo Israel.
Desde então, 28.176 palestinianos, a grande maioria mulheres, crianças e adolescentes, foram mortos na Faixa de Gaza pelos bombardeamentos e operações militares israelitas, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, movimento considerado terrorista que controla o enclave desde 2007.
Há várias semanas que estão em curso negociações para um cessar-fogo com uma duração mínima de seis semanas e a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinianos detidos por Israel.
Em novembro, um cessar-fogo de uma semana permitiu a liberação de 105 dos cerca de 250 reféns que foram levados para Gaza e de 240 prisioneiros palestinianos detidos por Israel.
Segundo Israel, continuam detidos em Gaza 132 reféns, 29 dos quais terão morrido.