JPP denuncia "forretice" e propõe aumento por quilo de cana-de-açúcar
O vice-presidente do grupo parlamentar do Juntos Pelo Povo (JPP), Rafael Nunes, após contactos com produtores de cana-de-açúcar, refere que existe um sentimento de revolta com a proposta avançada pelo Governo de apenas 40 cêntimos por quilo de cana. Perante esta situação, o partido denuncia a "forretice" e propõe um aumento.
Em nota enviada à comunicação social, é referido que "são cada vez mais os industriais do sector que se queixam de falta de cana-de-açúcar, falando em rupturas de stock dos produtos derivados, em aumento do preço final ao consumidor e de necessidade de recorrer a produtos do exterior, com notória diminuição da qualidade. São praticamente unânimes a confirmar o crescimento comercial dos produtos, mas com falta dramática da matéria-prima que condiciona a abertura a novos mercados externos".
Do lado da produção, são cada vez mais os agricultores que nos transmitem a sua intenção de abandonar a atividade, face aos preços acordados pelo Governo que, segundo muitos, lembram a “escravatura”. JPP
O partido refere que qualquer aumento é "sempre bem-vindo", contudo considera ser "caricato" que a secretária regional de Agricultura, Rafaela Fernandes, em reunião com os operadores económicos, tenha "vindo a público anunciar um irrisório aumento de uns míseros 4 cêntimos (com 2 cêntimos anunciados pelos operadores económicos), quando estes produtores de cana-de-açúcar enfrentam aumentos que duplicaram os valores dos adubos e dos remédios agrícolas (produtos fitofarmacêuticos), mas também trouxe aumentos consideráveis na mão-de-obra agrícola, consequência da enorme inflação que atingiu este sector".
Não deixa de ser também vergonhoso que para esta reunião que, segundo a governante tinha como objectivo “encontrar uma posição de consenso relativamente ao reforço do rendimento dos agricultores de cana-de-açúcar” se tenha “esquecido de convidar” os principais interessados na produção e comercialização deste produto – os próprios agricultores de cana-de-açúcar. JPP
O comunicado refere ainda: "Esta ausência premeditada dos agricultores, principais visados neste processo, demonstra à partida, a farsa neste alegado “consenso”, o enorme desinteresse em tomar conhecimento da situação e, principalmente, em trazer medidas que solucionem, de uma vez por todas, a situação que aflige cerca de 1300 pessoas que dependem diretamente da produção de cana-de-açúcar".
O partido critica a "inércia do anterior executivo perante o desespero que atinge o sector agrícola e, em particular, a cana-de-açúcar, mas continuamos perante uma clara “situação de forretice” que não faz qualquer sentido"
"É uma situação que não faz qualquer sentido, principalmente quando se fala em “anos recordes” na venda de mel de cana e de aguardente, e quando foi o próprio governo a avançar que as vendas de rum agrícola aumentaram de 2 para 5,2 milhões de euros em dois anos", aponta.
Então se o valor do rum da Madeira mais que duplicou em dois anos, não faz qualquer sentido que esse aumento não se reflita também, e de uma forma direta, no bolso dos agricultores. JPP
Neste sentido o JPP reitera na necessidade de um "apoio extraordinário que permita acabar com esta escravidão crónica e que permita um pagamento de 45 cêntimos, um preço justo, que acompanhe o custo de vida e as grandes dificuldades sentidas pelos agricultores", conclui.