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Especialista pede menos manipulação de Camões em encontro na Venezuela

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Foto Shutterstock

O especialista camoniano Hélio Alves pediu menos manipulação e mais verdade sobre Luís Vaz de Camões e a sua obra, durante um encontro de professores de Português na Venezuela.

"Gostava que houvesse muito mais verdade. A palavra é forte. Mas gostava que houvesse muito mais verdade sobre Camões e a sua obra, do que muitas vezes tem aparecido; que houvesse menos tentativas de manipulação de Camões para fins mais ou menos políticos. Isso seria o meu desejo", disse.

Hélio Alves falava à agência Lusa, no sábado, à margem do XI Encontro e VII Congresso de professores de Língua Portuguesa na Venezuela, eventos que assinalaram também o quinto centenário do nascimento do poeta Luís Vaz de Camões.

O catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa explicou ter ainda o desejo "de que o centenário de Camões, que foi muito atribulado na sua constituição, muito maltratado, inclusive ao longo de muito tempo (...), sirva de pretexto para haver muito mais atenção a um Camões autêntico, verdadeiro", sublinhando "há uma quantidade enorme de fantasias que foram sendo ditas, escritas e até transmitidas como verdades ao longo dos anos, sobre ele".

Hélio Alves está na Venezuela a convite da Coordenação do Ensino da Língua Portuguesa no país, onde assinalou o 30.º aniversário da assinatura de um protocolo entre o Camões Instituto e a Universidade Central de Venezuela (UCV), tendo dado várias conferências e formação a professores e alunos de Língua Portuguesa sobre Camões.

"Tem sido uma experiência ótima, tenho sido muito apoiado e muito acompanhado pela Embaixada de Portugal e a coordenação de ensino de português (...). Fiquei a saber que há uma enorme riqueza no ensino do português aqui no país, muitos professores, uma grande difusão, um grande interesse sobre o português, e isso é muito compensador saber", disse.

Explicou ainda ter ouvido "sobre várias experiências de pessoas que têm tentado ensinar Camões na Venezuela" e que vê muita potencialidade e interesse.

Sobre o congresso, explicou que falou sobre Camões, mas sobretudo sobre como é possível transmitir o interesse e o gosto por Camões, aos alunos.

"Acabei por falar um pouco sobre a obra de Camões, mas de uma forma mais didática, de uma forma que possa chegar aos espíritos jovens de hoje, mostrando-lhes que Camões, apesar do seu aspeto histórico e de ser um poeta antigo, de ser uma espécie de 'velharia', tem tudo a dizer sobre a vida de hoje", disse.

Explicou ainda que ao contrário da perceção que havia no início dos anos 1990, de que já estava tudo dito sobre Camões, "está quase tudo por fazer (...) muita coisa por estudar e trabalhar".

Segundo o coordenador do ensino do português na Venezuela, Rainer Sousa, no XI Encontro e VII Congresso de professores de Língua Portuguesa na Venezuela participaram 130 professores de distintas regiões do país, sobretudo do Estado de Arágua, Anzoátegui, Miranda e do Distrito Capital.

"Este ano foi diferente dos anos anteriores, coincidiu com a celebração dos 30 anos da assinatura do protocolo entre o Camões IP e a Universidade Central de Venezuela, e iniciámos a celebração do quinto centenário do nascimento do poeta Luiz Vaz Camões", disse.

Explicou que houve sessões de formação a jovens estudantes de Língua Portuguesa e a professores de português na cidade de Maracay, estado de Arágua, "sobretudo para aproximar Camões" e a sua obra dos professores, para que possam ter ideias para transmitir a importância de estudar o poeta com os seus alunos.

Durante o Congresso, os professores apresentaram os resultados do que têm feito na área do ensino da língua portuguesa, na Venezuela, país onde há 150 professores e "perto de 13 mil estudantes, em 54 escolas", em diferentes regiões, a nível curricular e em associações luso-venezuelanas.