DNOTICIAS.PT
Fact Check Madeira

Este é um dos melhores anos em termos de criação de empresas?

Foto Shutterstock
Foto Shutterstock

Este ano já foram criadas mais de 1.500 empresas na Madeira. Um número assinalável, sobretudo se tivermos em conta os anos recentes. Até Novembro, de acordo com os dados do Informa D&B, empresa de referência na oferta de informação e conhecimento sobre o tecido empresarial em Portugal, foram criadas, em média, mais de 136 empresas por mês, factualmente todos os 11 meses tiveram mais de 100 empresas criadas por mês e à média de 4,5 por dia. A questão é, 2024 está a ser um dos melhores anos em termos de criação de empresas na Região Autónoma?

Uma dúvida que parece fácil concluir que sim. Mas que, garantidamente, é de resposta menos fácil do que aparenta. É que os números da economia regional têm apontado para que este esteja a ser um dos melhores anos em vários quadrantes, das quais a criação de empresas é apenas um dos sinais. Isto porque, quando há optimismo nos agentes económicos e há oportunidades de negócio dado os resultados que estão a aparecer (basta ver os números do sector empresarial em 2023, como recentemente deixou evidente a iniciativa das '500 Maiores'), isso reflecte-se na criação de novas empresas a explorar esse 'filão'.

Ainda que não sejam dados oficiais - além de não coincidirem com os da DREM (1.363 constituições no final de 2023, contra 1.411 da Informa D&B) -, as 1.501 constituições de sociedades até ao final de Novembro de 2024 revelam para já que o ano é bem melhor do que tinha sido o anterior, faltando ainda um mês para contabilizar.

Contudo, se nos cingirmos aos dados da Informa D&B (já lá iremos aos da Direcção Regional de Estatística da Madeira), que se reportam desde 2013 a esta parte, o número de empresas criadas até Novembro do ano corrente já ultrapassam os anteriores 11 anos completos. Ou seja, nestas contas, 2024 é o melhor dos últimos 12 anos.

E em termos de encerramentos de empresas, porque apesar da criação de negócios expressar a confiança, há sempre o reverso da moeda, daqueles projectos que não conseguem aguentar o ritmo, este tem sido o segundo melhor ano. Foram 366 encerramentos até Novembro, superado apenas pelos 11 meses homólogos de 2021 (317). Ao contrário de 2023 e 2022, em que após o período complicado em termos económicos houve um aumento significativo (+18% e +15%) de empresas a fechar portas em relação aos anos anteriores, este ano já há uma quebra de quase 15% até Novembro, o que revela uma estabilização no contexto actual.

Uma perspectiva semelhante, mas ainda mais positiva, acontece com os processos de insolvência que podem ou não resultar no fim do negócio ou continuação noutros moldes, pois 2024 é aquele que regista menores números, apenas 22, nestes 12 anos, caindo quase 57% (para menos de metade) dos ocorridos em igual período de 2023. Sobretudo se tivermos em conta que no ano passado os processos de insolvência tinham aumentado quase 42% nos primeiros 11 meses.

Como referido, a confiança dos agentes económicos é o 'espelho' do crescimento económico, mas não em todas as áreas de actividade. Socorremo-nos dos dados já divulgados pela DREM no final de Outubro, referentes aos primeiros nove meses de 2024. Das 1.175 empresas constituídas e 453 dissolvidas entre Janeiro e Setembro há 7 sectores que dominam, com quase 83% e 85% do total, respectivamente.

Destacam-se, por isso, a criação de empresas de 'Alojamento, restauração e similares' (215), as de 'Transportes e armazenagem' (196) e as 'Actividades de consultoria, científicas, técnicas e similares' (130), 'Actividades imobiliárias' (127) e 'Construção' (122), todas com uma 'justificativa' expressa em números que a economia nos vai apresentando desde o fim da crise pandémica.

Do lado das dissoluções, destacam-se as sociedades de 'Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos' (115), as de 'Actividades de consultoria, científicas, técnicas e similares' (75) e de 'Alojamento, restauração e similares' (66).

Por fim, analise-se 2024 (até Novembro) em comparação com os 30 anos anteriores (desde 2004). Mas podíamos recuar até 1976, início da Autonomia, num total de 48 anos e só há 7 anos em que o ano corrente ainda fica atrás no total de empresas constituídas.

O ano de 2001 foi o melhor neste quase meio século, com 1.781 empresas criadas, à média de 148,4 por mês ou 4,88 por dia. Seguem-se 2000 (1.758), 1999 (1.520), 2004 (1.515), 1998 (1.404) e os dois mais recentes, 2023 (1.362) e 2022 (1.317). Todos os restantes 4 décadas (40 anos) já estão abaixo em termos de dinamismo de criação de empresas em relação a 2024. Quase certo que os dois anos anteriores ficarão para trás e, possivelmente, também 1998, fazendo com que este venha a ser o quinto melhor ano desde que há dados.

Garantidamente, os primeiros 11 meses de 2024 já são o melhor período dos últimos 20 anos. Desde 2005 até 2023 não se encontra melhores onze meses que este.

Por fim, no que toca às dissoluções, com 453 (média de 41,2 por mês ou 1,37 por dia) este ano de 2024 deverá fechar como o segundo melhor (de menor número) em 17 anos, ou seja desde 2008. Superará, por esta altura, os registos de 2021 (456 no final do ano), ficando ainda a dúvida se 2008 será superado (511).

Os números da economia têm apontado para que este esteja a ser um dos melhores anos em vários quadrantes. E quando há optimismo nos agentes económicos e há oportunidades de negócio, isso reflecte-se na criação de novas empresas. Mas nem sempre isso é verdade. Contudo, 2024 parece conferir essa realidade e ainda não chegou ao fim.