Portugueses das tecnologias combatem estereótipos para formar comunidades em Londres e Berlim
Um grupo de profissionais das tecnologias portugueses no estrangeiro juntou-se para organizar eventos presenciais e formar comunidades de ajuda em Londres e Berlim, contrariando o estereótipo de pessoas introvertidas e isoladas.
O projeto chama-se Outono e no sábado vai ser testado na capital britânica num jantar entre seis "quase desconhecidos" que têm em comum apenas serem portugueses.
"Eu não conheço nenhuma delas, por isso, para mim, são todas pessoas novas. A pessoa comum no meio deste grupo é o Malik, ele é que criou o Outono. Somos quase desconhecidos uns para os outros", confiou o responsável pelo 'hub' de Londres, Marco Silva, à agência Lusa.
Malik Piara, empreendedor português fundador da comunidade 351 Startup, indicou num comunicado ter sido inspirado pelo período em que estudou em Berlim.
"O objetivo é fazer encontros regulares e tentar criar um pouco um espírito de comunidade. Assim as pessoas podem conhecer-se e ajudar-se umas às outras, não só em termos de trabalho, mas no dia a dia sobre a vida, até sobre a vida pessoal de cada um", explicou Marco Silva.
A diferença deste projeto é que é concentrado em profissionais da área de tecnologia, desde o 'design' à engenharia, que Silva acredita serem várias centenas de nacionalidade portuguesa em Londres.
"Eu estudei no Instituto Superior Técnico. Do meu curso e ano em específico, acho que somos por volta de 20 ou 30 em Londres", exemplificou.
Sendo um dos principais centros financeiros mundiais, vincou, Londres atrai muitos profissionais de tecnologia para a banca, indústria de seguros e cibersegurança, mesmo depois do 'Brexit'.
No entanto, a instalação numa grande cidade pode ser complicada, desde encontrar habitação a navegar os desafios burocráticos.
"Às vezes ter alguém que fala a própria língua, que já passou pelo mesmo, pode ajudar um bocado, e as pessoas sentem-se mais abertas por causa disso, porque é alguém que vem do mesmo país", afirmou.
Nascido na África do Sul, Marco Silva, de 38 anos, cresceu em Portugal, estudou em Lisboa e trabalhou na Suíça.
No Reino Unido desde 2014, descreve Londres como um grande pólo multicultural, onde os contactos com pessoas de diferentes origens são constantes.
O português rejeita o estereótipo de 'geek', de alguém antissocial porque trabalha em frente a um ecrã.
"O dia a dia em frente do computador acaba por ser um trabalho muito sociável porque temos de interagir com outras pessoas na nossa indústria. Por vezes somos considerados um bocado difíceis por outros departamentos, como finanças ou recursos humanos, mas somos muito sociáveis, e gostamos de sair e conhecer pessoas novas", garantiu.