A falta que o Bloco faz no Parlamento
É já nesta semana que se inicia a discussão do Orçamento da Região para 2025, na Assembleia Legislativa da Madeira. Grosso modo, estamos perante um documento que avança com alguns “rebuçados” e “prebendas” mas que, no essencial, não inclui medidas destinadas a resolver os graves problemas que afligem o Povo destas Ilhas. Não existem medidas concretas para combater, de forma eficaz, a crise na habitação que ameaça, no próximo ano, colocar mais pessoas a viver na rua; não se vislumbram soluções duradouras e sustentadas no combate à pobreza e ao risco de pobreza e exclusão social que, no final de 2023, atingia, aproximadamente, 55 mil madeirenses; Não contempla aumentos salariais que recupere, realmente, poder de compra por parte de milhares de trabalhadores, cujos rendimentos não chegam para pagar a casa, a alimentação, a educação e os medicamentos dos membros dos seus agregados; Não tem medidas que apontem para a resolução de graves problemas que ainda persistem nas áreas da saúde, da educação, e de tantos outros sectores da sociedade madeirense. Um eventual chumbo deste Orçamento, parece-me quase certo depois do anúncio do PS que votaria contra. Uma posição incompreensível aos olhos dos madeirenses, depois o finca-pé, que Paulo Cafôfo fez, em forçar o adiamento da discussão da moção de censura, para depois da discussão deste documento.
Se é verdade que nenhum dos partidos, atualmente representados na Assembleia Legislativa da Madeira, quer eleições regionais antecipadas, será difícil, por outro lado, justificar, perante a pressão do eleitorado, uma eventual não aprovação da Moção de Censura que será discutida no próximo dia 17. Nessa ordem de ideias, e salvo alguma manobra de última hora, o governo regional deverá cair, mais pela pressão popular sobre os partidos do que, propriamente, por vontade dos mesmos. O que é trágico é que este governo de arguidos já poderia ter caído anteriormente, se as pseudo-oposições do PS e do JPP tivessem avançado com uma moção de censura, quando o deveriam ter feito, retirando espaço de manobra à extrema-direita fascista para “salvar a face”. Se o Bloco estivesse representado no Parlamento, com força suficiente para apresentar uma Moção de Censura, este governo já teria caído assim que se verificou que metade dos membros do Executivo adquiriram o estatuto de arguidos, por suspeitas de corrupção. É o que dá deixar a Assembleia entregue a forças políticas sem coragem para levar até às últimas consequências os passos que devem ser dados na defesa de um novo paradigma de governação, que coloque as reais necessidades das pessoas no topo da agenda governativa. Por isso mesmo, é que (re)começamos a ouvir na rua as pessoas a nos dizerem, com alguma insistência, que o Bloco faz falta no Parlamento. Aguardemos pelo veredicto popular! Que tenham, todas e todos, Festas Felizes!