"Está na altura de acabar com esta retoiça política"
Líder do CDS critica PS por concordar adiar moção de censura mas anunciar voto contra Orçamento
O CDS-PP realizou esta noite o seu tradicional jantar de Natal, que juntou num restaurante em Câmara de Lobos os militantes e seus familiares, momento no qual o líder do partido, José Manuel Rodrigues aproveitou para fazer um balanço do ano, destacando-se a crise política que a Madeira vive praticamente desde Janeiro. Mais recentemente,, os partidos têm vindo a marcar posição quanto ao voto no Orçamento da Região para 2025, sendo que Rodrigues, que também é presidente do parlamento regional, aproveitou para criticar o Partido Socialista que concordou pelo adiamento da moção de censura para garantir a aprovação do orçamento, mas que ainda hoje reafirmou o voto contra este documento.
Depois de endereçar os agradecimentos, José Manuel Rodrigues salientou que a festa de Natal da 'família do CDS', num "tempo que é de paz, que é de concórdia e que é de solidariedade", mas que não se pode "ignorar o que se passa à nossa volta", ou seja "aquilo que se passa na política madeirense" que "foi tomada pela irresponsabilidade política". E acrescentou: "Andamos na retoiça política na Madeira. Andamos na retoiça política, para usar uma palavra muito madeirense. Há mais de um ano que andamos de eleição em eleição, de jogo político em jogo político, de disputa partidária em disputa partidária, esquecendo os problemas dos madeirenses e dos porto-santenses. Está na altura de acabar com esta retoiça política e apelar à responsabilidade dos partidos políticos e dos nossos governantes também."
O dirigente continuou: "Parece mesmo haver na política da Madeira uma competição para ver qual o partido e qual o político mais irresponsável, qual o que tem menos bom senso. Vejam esta questão. O Chega apresenta uma moção de censura na Assembleia Legislativa da Madeira. Essa moção de censura, basicamente o que faz é dizer que o presidente do governo actual é arguido, portanto é suspeito numa investigação judicial. E é nessa base que o Chega censura o governo regional. Porque em nenhum dos fundamentos dessa moção de censura está dito que o governo está a governar mal, que existe uma crise económica, porque ela não existe, que está lá dito é um libelo do acusatório contra o presidente do governo regional. Ora, a pergunta é esta, o Chega prepara-se para deitar abaixo, com o apoio da esquerda, um governo que está legitimado eleitoralmente, porque o seu presidente do governo é suspeito judicialmente? Mas como é que se compreende que o mesmo Chega, dê palmas, rejubile, com a eleição do senhor Donald Trump, que já foi várias vezes condenado em tribunal, condenado não é suspeito, é arguido."
José Manuel Rodrigues diz que a Assembleia Legislativa da Madeira "não pode ser transformada num tribunal. Aquilo que é da política é do Parlamento, aquilo que é da justiça é dos tribunais. O Parlamento da Madeira não se pode substituir à justiça", afirmou, categoricamente. "É por isso que nós devemos e vamos votar contra essa moção de censura", garantiu.
E, depois, passou ao ataque ao PS: "Agora veja essa atitude do Partido Socialista, que é o principal partido oposição. O Partido Socialista votou a favor do adiamento da moção de censura para depois do orçamento, para o dia 17 de Dezembro, com o argumento que era preciso primeiro a Madeira ter um orçamento. Plenamente de acordo, também o CDS, através da deputada Sara Madalena, votou que se adiasse a discussão da moção de censura para que o orçamento fosse aprovado antes dessa mesma moção de censura, para que a Madeira não vive em duodécimos e para que seja possível aplicar um conjunto de medidas económicas e sociais que são absolutamente necessárias à vida das empresas, das famílias e dos cidadãos."
E atacou: "Qual é o nosso espanto quando, apesar do Partido Socialista ter dito isso, de que queria adiar a moção de censura para que a Madeira tivesse um orçamento, hoje ouvimos o Partido Socialista dizer que vai votar contra o orçamento. Afinal, em que ficamos? O orçamento é ou não necessário aos madeirenses e porto-santenses. E mais, vai aqui uma pergunta também. Então, no continente, o Partido Socialista aceitou sentar-se à mesa com o PSD e o CDS para negociar, e bem, o orçamento de Estado e abster-se do orçamento de Estado. E aqui na Madeira, que é que o Partido Socialista vota contra e não faz a mesma coisa que fez o líder nacional Pedro Nuno Santos?"
O líder centrista também analisou a postura dos restantes partidos, nomeadamente o JPP, a IL e o PAN, sem deixar de fazer uma análise às conquistas alcançadas nessa mesma negociação do orçamento regional.