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Governo recorda Mário Soares como exemplo de tolerância que democracia precisa

Foto TIAGO PETINGA/LUSA
Foto TIAGO PETINGA/LUSA

O ministro dos Assuntos Parlamentares defendeu hoje que a democracia portuguesa precisa do "espírito dos que lutam pelo bem comum, com tolerância", considerando que essa foi uma das principais mensagens deixadas pelo histórico socialista Mário Soares.

"Uma das palavras e uma das mensagens principais e testemunhos da sua vida foi o da tolerância. E eu acho que esta é uma ideia que devemos cultivar mesmo nas nossas diferenças: respeitar quem lutou pela democracia, por um país melhor, pela liberdade, com tolerância. Acho que a democracia portuguesa precisa desse espírito, dos que lutam pelo bem comum, com tolerância, discordando por vezes - e nós discordámos várias vezes de escolhas de Mário Soares. Deve-nos unir aquilo que é mais importante que é a defesa do povo português", considerou.

António Leitão Amaro representou hoje o Governo na sessão evocativa que assinala o centenário do nascimento de Mário Soares, que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, num auditório com lotação esgotada, onde discursaram o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e o chefe de Estado de Cabo Verde, José Maria Neves.

Interrogado sobre o porquê de o primeiro-ministro não ter estado presente, Leitão Amaro desdramatizou, lembrando que Luís Montenegro esteve na sessão solene evocativa na Assembleia da República na sexta-feira e foi autor de um artigo no jornal Público sobre o tema.

Leitão Amaro acrescentou que o Governo vai continuar a associar-se no apoio a várias iniciativas de celebração dos 100 anos do nascimento de Mário Soares, lembrando-o como "uma das personalidades mais importantes e que mais contribuiu para a democracia portuguesa".

"Podemos, vários de nós, em vários momentos, discordar de algumas opções, mas o contributo para que Portugal seja uma democracia, tenha vencido uma ditadura e depois a tentação de uma nova ditadura na sequência da Revolução Democrática deve também e muito a Mário Soares", sublinhou.

Além de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa, na sessão comemorativa do centenário dos cem anos de Mário Soares esteve também presente o antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, entre outras personalidades.

Mário Alberto Nobre Lopes Soares, nascido a 07 de dezembro de 1924, foi uma das principais figuras da resistência ao regime do Estado Novo. Esteve preso diversas vezes e chegou a ser exilado para São Tomé e Príncipe e França.

Advogado, foi fundador e primeiro líder do Partido Socialista.

Após a revolução de 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respetivo tratado, em 1985.

Foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1986 e 1996.

Morreu em 07 de janeiro de 2017, aos 92 anos, em Lisboa.

O centenário do seu nascimento começa hoje a ser assinalado com um vasto programa que decorre até ao final de 2025 e que irá estender-se a vários pontos do país com exposições, edições literárias e iniciativas culturais.