DNOTICIAS.PT
Madeira

Até revelar o abuso sexual, uma criança faz pelo menos sete tentativas

A psicóloga clínica, Sílvia Freitas alertou para os sinais que os pais/cuidadores devem ter em atenção e sublinhou a importância de ensinar que o perigo não vem só de estranhos

Ao DIÁRIO-Saúde, Sílvia Freitas, que trabalha na linha de intervenção junto a crianças e jovens vítimas de abuso sexual e também em situações de agressividade e violação, referiu que este é sempre um tema que “gera muita ansiedade em abordar, mas que deve ser cada vez mais falado”.

A especialista em saúde mental chamou à atenção para o facto de no caso dos menores, ser mais frequente, os agressores serem conhecidos ou familiares da vítima, tendo alertando ainda para a importância  de existir desde cedo conversas, adaptadas à idade e compreensão das crianças, sobre as linhas corporais que não podem ser ultrapassadas.

É muito mais complexo do que só ensinar que o estranho é perigoso, muitas vezes são pessoas conhecidas e a criança tem de saber o que é que pode ser ou não feito e as linhas corporais que podem e as que não podem, de maneira nenhuma, ser ultrapassadas. Sílvia Freitas, psicóloga clínica e terapeuta familiar

Nestas situações a denúncia torna-se ainda mais difícil, porque os mais novos tendem a ter receio de não serem acreditados, porque muitas vezes “aquele elemento é visto como um elemento de referência”.

Todas estas características, até às vezes o medo da repetição ou de sofrer coerção ou mesmo ameaças físicas por parte dos agressores fazem com que as vítimas reprimam. O que os estudos demonstram é que até haver a revelação, que é um momento importantíssimo nestas situações, existem umas sete tentativas até conseguirem falar.

Não perca a entrevista disponível no canal do DIÁRIO, no YouTube, onde Sílvia Freitas revela os sinais a ter em atenção e exemplos de tentativas de revelação e como proceder perante as mesmas.

Nesta conversa é também abordado o tema da violação e o impacto da violência sexual numa vítima e a importância de sinalizar um agressor para benefício individual, mas também como forma de evitar mais vítimas.

O abuso sexual de menores é um crime público, o que significa que o procedimento criminal não está dependente de uma queixa formal ou informal, por parte da vítima, sendo apenas necessário haver uma denúncia, independentemente, da ligação à criança.

Em caso de emergência deve contactar imediatamente o 112, podendo ainda recorrer a hospitais e centros de saúde.

Existe ainda a linha de Apoio à Vítima (APAV), onde pode contactar, sem qualquer custo, o número 116 006, disponível nos dias úteis das 08:00 às 22:00 horas.

A denúncia para que seja menos morosa para a vítima e, para que o tratamento seja especializado para este tipo de situações,  é importante recorrer directamente à Polícia Judiciária, mas não exclui, de forma alguma, que possa recorrer às esquadras da Polícia de Segurança Pública.