Estamos todos presos na bolha digital? O poder do algoritmo!
Vivemos num mundo hiperconectado, onde a internet se tornou o principal palco de debates, trocas de ideias e, infelizmente, divisões. Se por um lado nos aproxima, por outro, o ambiente digital amplifica uma polarização cada vez mais evidente. Já parou para pensar no impacto que o tempo que passa a olhar para uma publicação nas redes sociais tem neste processo?
Cada segundo que gastamos a visualizar um post, um vídeo ou um comentário é cuidadosamente registado pelas plataformas digitais. Este tempo não é apenas uma estatística: é interpretado como um sinal de interesse. E aqui está o ponto crítico – o algoritmo não diferencia o tipo de interesse. Quer esteja a concordar com entusiasmo ou a discordar com fervor, o algoritmo trata tudo da mesma forma. O resultado? Mais conteúdos semelhantes aparecem no seu feed. Pode parecer inofensivo, mas é exatamente assim que acabamos numa “câmara de eco”, onde apenas ouvimos e vemos o que reforça as nossas crenças. Em vez de abrir horizontes e fomentar o diálogo, as redes sociais tornam-se trincheiras digitais que alimentam divisões.
Imagine isto: é fã do Natal e decide pesquisar receitas natalícias online. Em pouco tempo, o seu feed transforma-se numa avalanche de árvores de Natal, luzes cintilantes e ideias de presentes. Agrada-lhe? Claro que sim. Afinal, é exatamente disso que gosta. Mas agora imagine que, em vez do Natal, estamos a falar de valores ou opiniões. Ao interagir com conteúdos que refletem os seus interesses, o algoritmo entende isso como um convite para lhe mostrar mais do mesmo. Gradualmente, o seu feed transforma-se num espelho das suas crenças, levando-o a acreditar que estas ideias são universais. “Se vejo isto o tempo todo, então deve ser assim que todos pensam”, poderá concluir.
Este reforço algorítmico tem consequências sérias. Por um lado, cria um isolamento ideológico. Por outro, aumenta as divisões entre “nós” e “eles” – aqueles que pensam de forma diferente. E há outro perigo ainda mais insidioso: a desinformação. Alguns dos conteúdos que reforçam as nossas opiniões são falsos ou manipulados, mas são projetados para validar o que já acreditamos, perpetuando um ciclo de desconfiança e separação.
É por isso que precisamos de agir. Primeiro, reconhecendo que os algoritmos moldam a forma como vemos o mundo e influenciam o que acreditamos. Depois, adotando uma postura mais crítica e consciente. Procure interagir com conteúdos que desafiem as suas perspetivas, questione a veracidade das informações que consome e valorize o diálogo com pessoas que pensam de forma diferente.
A internet tem o poder de unir pessoas e enriquecer debates, mas isso exige uma utilização consciente. Não deixe que os algoritmos decidam por si. Está nas nossas mãos transformar este espaço digital num ambiente que constrói pontes em vez de muralhas. Da próxima vez que interagir com uma publicação, faça uma pausa. Pergunte-se: “Estou a reforçar algo de forma consciente ou apenas a alimentar o que o algoritmo espera de mim?” É uma reflexão simples, mas poderosa. Afinal, o poder das nossas opiniões não reside em quem as molda, mas na forma como as usamos para construir, e não dividir, a sociedade.
A escolha é nossa.