Queremos um governo digno!
A luta contra a corrupção tem de ser uma prioridade política, gravada na matriz praxística de todos os aqueles que assumem a responsabilidade de representar a população e o privilégio de laborar em prol da melhoria da vida daqueles que trabalham de sol a sol para construir uma vida digna. Nesse processo, não basta denunciar. É preciso agir! E, enquanto alguns, que muito têm a perder se as pessoas abrirem os olhos de vez, limitam-se a declarações vazias e intenções falsas, é imperativo que haja quem não tenha receio em assumir, de frente e sem medos, o compromisso de transformar palavras em acções, sempre ciente de que a corrupção é o maior entrave ao progresso da Madeira e de Portugal.
Dito isto, é importante sublinhar que, longe do que argumentam certos comentadores com ligações aos partidos do sistema e à Esquerda radical, a luta contra a corrupção não é um objectivo menor ou, de forma alguma, inalcançável. Aliás, os dados disponíveis corroboram esta visão, apontando que Portugal perde, anualmente, entre 80 e 90 mil milhões de euros em actividades financeiras que permanecem submersas num manto de opacidade e ilegalidade. Este montante colossal, resultante da economia paralela e da corrupção institucionalizada, demonstra como o sistema vigente falha em proteger os interesses do Povo, perpetuando uma cultura de impunidade que estrangula o potencial económico do país.
Em termos comparativos, tais valores são ainda mais alarmantes, pois representam, aproximadamente, seis vezes o que o Estado investe na Saúde, treze vezes o que canaliza para a Educação, trinta vezes o que destina à Defesa e cerca de um terço de toda a dívida pública. Face a isto, há questões que se tornam incontornáveis: Como seria a vida dos portugueses se o país não fosse – como efectivamente é – um terreno fértil para a corrupção? Qual seria a qualidade de vida, o conforto humano e o poder de compra dos cidadãos se os recursos que são desviados fossem, ao invés, devidamente direccionados para áreas essenciais?
Na Madeira, a situação é ainda mais grave. Ao longo das décadas, a Região tornou-se sinónimo de corrupção, fruto de redes de amiguismo, compadrio, nepotismo e interesses obscuros que ligam o poder político ao económico. Esse conluio criou uma elite que se julga dona desta nossa terra, enquanto os cidadãos comuns são tratados como meros lacaios cuja única função é sustentar, com os seus sacrifícios, o luxo e o privilégio de uns poucos, feitos reis e senhores. Neste contexto, o governo regional, símbolo máximo de um regime decadente, transformou-se no epicentro de esquemas que favorecem adjudicações diretas, contratos opacos e benefícios desenhados à medida de interesses privados. Não é especulação, nem rumor. É facto e só não vê quem tem algo a ganhar com a podridão instalada.
É, pois, mais do que chegada a hora de pôr um fim ao ciclo de declínio ético e moral, que, aos dias de hoje, compromete o futuro da Madeira. Os cidadãos merecem um governo que os respeite, que honre os seus sacrifícios, que lute pelo Bem Comum e que combata, sem hesitações, nem tibiezas, os interesses de quem enriquece às custas do Povo. Aliás, não podemos continuar a aceitar que o suor honesto de quem trabalha para colocar comida em cima da mesa financie contas em paraísos bancários, casas milionárias e negociatas fraudulentas. A Madeira é uma terra de gente boa e honesta – e essa gente boa merece um governo digno.