Especialistas madeirenses alertam para a importância de proteger os jovens da violência
A psicóloga Teresa Carvalho, do Instituto de Segurança Social da Madeira, defendeu, esta tarde, a "criação de uma secção especializada para atender jovens com problemas de violência, tal como existe a consulta do adolescente e do jovem".
"Este acompanhamento psicológico é fundamental", afirmou na tertúlia realizada, esta tarde, na Assembleia Legislativa da Madeira, vincando ser urgente passar para a sociedade a verdadeira imagem sobre o que é "o respeito, a relação, a entrega, a partilha e a cooperação".
Aos profissionais da educação pediu que estejam atentos aos sinais de violência no namoro, que podem afectar para sempre a possibilidade de um jovem poder apostar numa relação verdadeiramente saudável", ou seja podem afectar a felicidade de uma pessoa e de uma família.
'Laços que ferem… Click’a na Mudança!', foi o mote para conferência que teve por objectivo alertar para a problemática da violência doméstica e incentivar o respeito pelos direitos humanos e as relações saudáveis.
Na abertura, o Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira vincou a importância "da palavra, do diálogo, da partilha de experiências e de conhecimento (…) para que possamos melhor pensar sobre as suas causas da violência".
José Manuel Rodrigues disse que "acto de violência, seja ela física, psicológica, emocional, sexual ou verbal", não pode ser entendido como "um comportamento normal".
O estudo nacional, de 2023, sobre 'Violência no namoro em Portugal: indicadores de vitimação e conceções juvenis' identificou 2.571 jovens vítimas de violência no namoro. De acordo com os dados da Polícia de Segurança Pública, entre as 1.363 queixas registadas em 2023, "916 reportam a relações de namoro em curso, enquanto 447 dizem respeito a situações de violência entre ex-namorados", apontou Presidente do Parlamento madeirense, que pediu a uma reflexão séria sobre as causas. Entende que "a disseminação de informação, a sensibilização e a consciencialização dos jovens" são ferramentas essenciais para os jovens que "não devem abrir mão da sua liberdade, nem temer denunciar qualquer comportamento que contra ela atente".
A violência foi uma temática trabalhada por cerca de 70% dos estudantes da Escola Secundária Francisco Franco. O projecto interdisciplinar abarcou as áreas da sociologia, das artes visuais e da Física e Química. O trabalho foi desenvolvido por 4 professores que promoveram um inquérito junto de 138 estudantes, de 11 turmas, com o objectivo de fazer "a revolução pelos afectos". Para acabar com a violência, os jovens consideram importante o "recurso ao apoio das associações, como a Presença Feminina, a UMAR, e a Associação de Apoio à Vítima", e a denúncia às autoridades de todas as formas de violência. Educar para os afectos, mais acções de sensibilização e uma maior actuação da comunidade contra a violência são outros dos apelos dos estudantes da Escola Secundária Francisco Franco.
Vera Duarte, voluntária da Associação Académica da Universidade da Madeira, recuperou o manifesto dos jovens, de 2017. Às entidades públicas e privadas é dirigido um apelo à união à volta da "desconstrução dos mitos e das crenças que alimentam a vergonha e o medo" e o desejo para que se construa "uma consciência colectiva de respeito por cada pessoa e pelos direitos que lhes são universalmente consagrados".
Ivo Pereira, da Direcção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais – Núcleo Técnico da Madeira, vincou a importância da "educação para a saúde, que passa pela educação emocional e pela educação para o direito". Sendo que educar para o direito "é cada um ter a noção da importância de ser o primeiro a respeitar sua integridade física, a sua saúde, o seu espaço, porque não há nada que justifique a agressão", concluiu em tom de alerta.