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Macron aceitou demissão de Michel Barnier e irá procurar substituto

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FOTO YOAN VALAT/EPA  

O primeiro-ministro francês, Michel Barnier, apresentou hoje a sua demissão ao Presidente francês, Emmanuel Macron, que a aceitou e lhe pediu que continue a tratar dos assuntos correntes até que seja nomeado um substituto, segundo o Eliseu.

"Michel Barnier, em conjunto com os membros do governo, vai ocupar-se dos assuntos correntes até à nomeação de um novo governo", afirmou a Presidência francesa em comunicado.

Macron deverá hoje ainda dirigir-se aos franceses num discurso televisivo às 20:00 horas de Paris (19:00 de Lisboa).

A demissão de Barnier surge na sequência da derrota do seu Governo na quarta-feira numa moção de censura apresentada pelo bloco de partidos de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e apoiada pela extrema-direita de Marine Le Pen, União Nacional (RN, sigla em francês).

O Presidente francês reuniu-se com o agora primeiro-ministro interino por uma hora durante a manhã e prossegue hoje com negociações para encontrar um substituto para o cargo.

Macron está em contacto com várias personalidades para encontrar uma saída para a crise no país, como a presidente da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet, e presidente do Senado (câmara com maioria conservadora), Gérard Lacher.

Além disso, fontes do Eliseu afirmaram que Macron almoçou com o seu aliado centrista François Bayrou, um dos favoritos ao cargo de primeiro-ministro francês.

Também o atual ministro da Defesa, Sébastian Lecornu, o único a manter-se no cargo desde a chegada de Emmanuel Macron ao Palácio do Eliseu em 2017, e o ministro do Interior, Bruno Retailleau, representante da ala mais conservadora da direita tradicional, são mencionados pela imprensa francesa como possíveis candidatos.

Existem ainda os nomes mencionados ainda antes da nomeação de Barnier: o antigo primeiro-ministro socialista Bernard Cazeneuve e o antigo comissário europeu Thierry Breton.

A líder dos deputados de esquerda França Insubmissa (LFI), Mathilde Panot, que pede a demissão de Macron, declarou hoje que o seu partido irá certamente vetar qualquer primeiro-ministro indicado [pelo Presidente francês] que não seja da aliança Nova Frente Popular (NFP), que reúne ecologistas, socialistas, comunistas e a esquerda radical.

Também a secretária Nacional dos Ecologistas publicou uma carta na rede social X apelando ao chefe de Estado para nomear "uma pessoa da esquerda e dos ecologistas".

"Os franceses pediram uma mudança política. O nosso dever é trabalhar para isso. O vosso é concordar com ela", disse a ecologista.

Esta foi a primeira vez que o Governo francês foi censurado por uma moção desde 1962, num momento em que este que é um dos países-chave da União Europeia (UE) atravessa uma incerteza política e económica.

A moção de censura ao Governo minoritário de centro-direita foi aprovada por 331 votos na Assembleia Nacional, obrigando Barnier a demitir-se após apenas três meses no cargo, para o qual foi nomeado por Macron em 05 de setembro - o mandato mais curto de um primeiro-ministro francês desde a Segunda Guerra Mundial.