Intervenção de Albuquerque criticada
Presidente usou palco da celebração do voluntariado para avisar IPSS sobre chumbo do Orçamento
Caiu mal a uma parte da plateia a intervenção desta manhã do presidente do Governo Regional. Miguel Albuquerque aproveitou a abertura do XI Encontro de Voluntários da RAM - Celebração do Dia Internacional do Voluntário que decorreu no Centro Cultural e de Investigação do Funchal para voltar à tónica das últimas semanas, descartando novamente responsabilidades na não aprovação do Orçamento e Plano para 2025 e alertando para as implicações financeiras na vida das associações e instituições particulares de solidariedade social (IPSS). A intervenção não programada foi também uma oportunidade para o Presidente do Governo destacar a importância do trabalho desenvolvido pelos voluntários, num encontro que contou com a participação do humorista Nilton e de representantes de empresas que na Madeira têm contribuído activamente para a causa social.
A intervenção de Miguel Albuquerque foi inicialmente no sentido de reconhecer o contributo dos que disponibilizam o seu tempo para ajudar os outros, tendo endereçado publicamente o seu obrigado aos que o fazem e às associações onde se inserem, “parceiros fundamentais das políticas sociais” do governo que lidera. Logo depois, mudou o tom e o conteúdo da mensagem, na opinião de alguns, desadequada ao momento.
Miguel Albuquerque repetiu a sua preocupação face ao momento actual, uma preocupação que no seu entender transversal à sociedade madeirense. “Eu não vim aqui falar do tempo e não me venham para vir falar aqui falar de coisa nenhuma que eu não tenho jeito”, afirmou, para entrar na “questão imperativa” de a Madeira ter o orçamento aprovado.
Sem rodeios, o presidente do Governo rotulou a situação actual de “inédita”, “absurda”, que no seu entender coloca em causa o futuro e os interesses da Região, “por causa de questiúnculas partidárias que nada têm a ver com aquilo que é necessário para o futuro de cada um de nós”, declarou. “Se o orçamento não for aprovado, as actualizações para as IPSS, para as casas de saúde, para todas as vossas instituições não entrarão em vigor”, avisou aos presentes, lembrando ainda que há também o PRR, a habitação, os novos lugares nos lares e a resposta nos cuidados continuados que também ficam pelo caminho. “Quero deixar isto muito claro, que eu não assumo nenhuma responsabilidade relativamente às actualizações, porque estão inseridas nos orçamentos”, afirmou, lembrando que os compromissos estão todos plasmados no documento que vai a discussão e votação na próxima semana. “Se o orçamento for chumbado não há execução e eu não vou ser responsabilizado por situações que não foram desencadeadas nem por mim nem pelo meu governo”, deixou claro.
O Presidente do Governo alertou para a gravidade do chumbo: “Isto não são brincadeiras. Temos o PRR em execução e quem quer brincar aos partidos não está a pensar bem o que está a pôr em causa”, disse. “Há um tempo para eleições, há um tempo para a disputa partidária, mas há um tempo em que todos somos chamados a assumir as responsabilidades por um bem maior, que é a nossa sociedade e os interesses das nossas sociedades e sobretudo os interesses de famílias e agentes sociais e económicos que nada têm a ver com isto”, acrescentou.