Nuno Morna critica declarações do embaixador em Caracas sobre a comunidade portuguesa na Venezuela
Anunciou a apresentação de um Voto de Protesto na ALM, visando reforçar a indignação perante o que considera ser uma postura inaceitável do representante diplomático
A Iniciativa Liberal – Madeira (IL-Madeira) manifestou esta quinta-feira uma forte oposição às declarações do embaixador português na Venezuela, João Pedro Fins do Lago, considerando-as insensíveis e politicamente inadequadas.
Comunidade indignada com declarações de embaixador em Caracas
A comunidade portuguesa na Venezuela, bem como os que vivem em Portugal, nomeadamente na Madeira, estão indignados com as declarações do embaixador de Portugal, em Caracas, João Pedro Fins do Lago, ao referir que devem manter-se equidistantes de questões que dividam o país.
Segundo o partido, num momento em que a Venezuela enfrenta um regime autoritário, as palavras do embaixador, apelando à “calma” e à “equidistância” da comunidade portuguesa em relação às divisões políticas, representam uma falta de compromisso com os valores democráticos.
As declarações, que descreveram os portugueses na Venezuela como “trabalhadores” e “tranquilos”, foram consideradas “não apenas insensíveis, mas perigosamente condescendentes”.
Para a IL-Madeira, essa postura reflecte “uma atitude de silêncio cúmplice perante o regime de Nicolás Maduro”, marcado por eleições fraudulentas e repressão violenta.
Nuno Morna, deputado único da IL-Madeira na ALM condenou veementemente a posição do embaixador. “Não é aceitável que um representante do Estado português peça aos portugueses que calem a sua indignação e aceitem a realidade opressiva imposta pelo regime de Maduro”, declarou.
E lembra que a comunidade portuguesa na Venezuela, uma das maiores fora de Portugal, vive em condições desafiadoras, enfrentando pobreza extrema, insegurança alimentar e falta de acesso a cuidados de saúde. Embora programas de apoio social oferecidos pela Embaixada de Portugal tenham sido intensificados, Nuno Morna sublinha que “o aumento de apoios sociais não deveria ser motivo de celebração, mas sim um alerta para o fracasso do Estado em proteger os seus cidadãos. Estes apoios são paliativos que mascaram o abandono sistemático da nossa comunidade.”
O partido exige uma mudança de postura por parte do governo português. “As declarações do embaixador são um monumento à capitulação moral e política do Estado português face a um regime que oprime e destrói”, afirmou Morna. Para o deputado, a exoneração do embaixador seria uma resposta necessária às suas declarações e um sinal de que Portugal está disposto a defender princípios democráticos e a proteger os seus cidadãos no exterior.
A crítica estende-se também à política externa portuguesa em relação à Venezuela, que Morna considera vaga e ineficaz. Defende que, como membro da União Europeia, Portugal deveria liderar iniciativas em defesa da democracia e dos direitos humanos no país sul-americano. “Portugal deveria estar na linha da frente, exigindo respeito pela democracia e pela liberdade na Venezuela. Em vez disso, acomodamo-nos e perpetuamos a normalização de um regime que viola os direitos humanos de milhões, incluindo os de muitos portugueses.”
Em resposta às declarações do embaixador, Nuno Morna anunciou a apresentação de um Voto de Protesto na ALM, visando reforçar a indignação perante o que considera ser uma postura inaceitável do representante diplomático.