Comunidade indignada com declarações de embaixador em Caracas
A comunidade portuguesa na Venezuela, bem como os que vivem em Portugal, nomeadamente na Madeira, estão indignados com as declarações do embaixador de Portugal, em Caracas, João Pedro Fins do Lago, ao referir que devem manter-se equidistantes de questões que dividam o país.
Uma das reacções é do deputado luso-venezuelano, eleito pelo PSD na Assembleia Legislativa da Madeira, Carlos Fernandes. "Sinto vergonha destas declarações do embaixador de Portugal na Venezuela", começa por dizer numa publicação no Facebook. E cita João Lago: "A comunidade deve permanecer trabalhadora, tranquila, equidistante de questões que podem ser de grande debate na Venezuela, muito candentes. Deve permanecer equidistante relativamente a essas questões que podem dividir mais o país. Deve permanecer sólida nos seus propósitos, que são trabalhar e manter as suas famílias unidas, prósperas e a produzir."
O deputado diz que "o Embaixador lamentavelmente faz o jogo ao regimen, sendo contrário a qualquer embaixador de países europeus na Venezuela e contra a própria União Europeia", acrescentando que "ninguém está a pedir ao embaixador para emitir opiniões políticas na Venezuela, ninguém quer saber a sua posição política. O seu trabalho é defender a comunidade portuguesa na Venezuela que, neste momento, tem dois presos políticos de nacionalidade portuguesa, o militar Juan Francisco Dos Ramos e o deputado Wiliam Davila", recorda.
Carlos Fernandes vai mais longe ao frisar que "é nestes momentos que se exige a tal diplomacia que devia estar a exercer o embaixador, não é pedir aos portugueses na Venezuela para se afastarem, para se autocensurar, para ficarem calados. Nossa comunidade é uma comunidade empreendedora, uma comunidade cheia de coragem, de trabalho, não precisam deste tipo de declarações que desrespeita a comunidade mais empreendedora da Venezuela, uma comunidade que está radicada há mais de 70 anos na Venezuela não precisa deste tipo de comentários".
E conclui, frisando que "os Portugueses na Venezuela querem continuar a trabalhar e ter um embaixador disponíveis para os defender nos momentos mais difíceis, não para pedir neutralidade para quem atravessa dificuldades, para quem é perseguido, para quem perdeu tudo. O mínimo que se exige ao embaixador é respeito, não faça o jogo ao regimen, seja como os seus colegas embaixadores italianos e espanhóis e não continue a fazer este tipo de declarações".
Vários outros comentários e reacções têm surgido nas últimas horas, algumas, por medo, não nos permitem reportar, mas efectivamente são declarações que até mereceram da líder da oposição venezuelana, María Corina Machado uma forte crítica pública.
Corina Machado questiona recomendação do embaixador a portugueses sobre situação na Venezuela
A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, questionou hoje a recente recomendação do embaixador de Portugal na Venezuela, João Pedro Fins do Lago, à comunidade lusa para que se mantenha "equidistante" de questões que dividam o país.