Economia mundial vai crescer 3,2% este ano e a portuguesa 2%
O Produto Interno Bruto (PIB) global deverá crescer 3,2% este ano e 3,3% em 2025 e 2026, segundo estima a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), no relatório divulgado hoje.
"Inflação baixa, o crescimento constante do emprego e uma política monetária menos restritiva ajudarão a sustentar a procura, apesar de alguns ventos contrários moderados decorrentes do necessário aperto da política orçamental em muitos países", aponta a OCDE.
A organização alerta, ainda assim, que estas estimativas globais "mascaram diferenças entre regiões e países e estão rodeadas de importantes riscos e incertezas negativas".
Entre os principais riscos destacam-se aqueles "relacionados com o aumento das tensões comerciais e do protecionismo, uma possível escalada de conflitos geopolíticos e desafios às políticas orçamentais em alguns países".
Já na média dos países da OCDE, a economia deverá crescer 1,7% este ano e 1,9% tanto em 2025 como em 2026, segundo as estimativas da organização.
OCDE revê em alta crescimento do PIB português para 1,7% em 2024
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu em alta a previsão do crescimento da economia portuguesa para 1,7% em 2024, mantendo a estimativa de 2% para 2025, segundo o relatório divulgado hoje.
Apesar desta revisão em alta, que compara com uma estimativa de 1,6% em maio, a previsão da OCDE continua abaixo da projeção do Governo para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, que é de 1,8%, bem como para o próximo ano, de 2,1%.
Enquanto o rendimento disponível e o consumo privado estão a aumentar, nomeadamente com as reduções de impostos, as receitas do turismo moderaram-se e persiste a escassez de mão-de-obra.
A OCDE aponta, no relatório Economic Outlook, que "os fundos europeus e uma política monetária mais flexível estão a impulsionar o investimento", enquanto a "recuperação projetada da atividade nos parceiros comerciais europeus apoiará as exportações".
"O forte crescimento salarial e as elevadas taxas de emprego vão aumentar o consumo, especialmente à medida que a inflação e os custos do serviço da dívida diminuem", nota a organização, admitindo que ainda que os cortes de impostos, aumento das transferências sociais e os salários públicos mais elevados apoiem os rendimentos das famílias, "também abrandarão o declínio da inflação".
A previsão da OCDE para a inflação em Portugal, medida pelo índice harmonizado, é de uma taxa de 2,7% em 2024 e 2,2% em 2025.
"A inflação global dos preços no consumidor moderar-se-á para 2,1% até 2026, à medida que os preços da energia e dos produtos alimentares se estabilizarem e as pressões sobre os preços dos serviços diminuem lentamente", prevê a organização.
Entre os riscos para estas projeções encontra-se uma nova diminuição da taxa de poupança das famílias e uma evolução salarial mais forte do que o esperado, que "fortaleceriam o consumo, mas também alimentariam a inflação".
Por outro lado, a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) "poderá materializar-se mais lentamente do que o previsto, implicando um menor crescimento e inflação mais baixa".
A OCDE tem ainda estimativas que apontam que "os excedentes orçamentais persistentes e o elevado crescimento nominal irão reduzir a dívida pública para 89,3% do PIB em 2026".
Quanto às recomendações, a organização diz que é "necessário um crescimento sustentado da produtividade, um aumento do emprego e uma despesa pública mais eficiente para enfrentar o rápido envelhecimento da população e necessidades significativas de investimento, nomeadamente em capital humano".
A OCDE aconselha ainda o fortalecimento da tributação ambiental e patrimonial, "protegendo simultaneamente os grupos vulneráveis", bem como reduzir as barreiras à entrada nos serviços e melhorar os serviços de acolhimento de crianças para famílias de baixos rendimentos, que "poderiam aumentar ainda mais a participação das mulheres na força de trabalho e aliviar a escassez de mão-de-obra".
PIB da Zona Euro cresce 0,8% este ano e 1,3% em 2025, abaixo da portuguesa
A economia da Zona Euro vai crescer 0,8% este ano e 1,3% no próximo, projeta a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), no relatório divulgado hoje.
A estimativa para este ano foi revista em alta, face aos 0,7% projetados no relatório interino de setembro, mas a do próximo mantém-se inalterada.
"Prevê-se que o crescimento na área do euro aumente de 0,8% este ano para 1,3% em 2025 e 1,5% em 2026, com a capacidade não utilizada eventualmente sendo eliminada até o final de 2026", lê-se nas perspetivas económicas.
A OCDE considera que os juros mais baixos e os gastos contínuos dos fundos do Mecanismo de Recuperação e Resiliência vão apoiar o investimento, enquanto o crescimento do consumo privado vai beneficiar de mercados de trabalho restritivos e de maior desinflação.
"As medidas no sentido de uma orientação orçamental mais restritiva irão, no entanto, atenuar o crescimento em alguns Estados-membros", alerta a organização.
Dentro da Zona Euro, destaca-se a Alemanha, cuja economia deverá estagnar em 2024 e crescer 0,7% em 2025 e 1,2% em 2026.
A inflação na Zona Euro, medida pelo índice harmonizado de preços, deverá abrandar para 2,4% em 2024, 2,1% em 2025 e 2,0% em 2026, segundo as projeções da organização.
A política orçamental "será mais rigorosa em 2025 e 2026, à medida que as medidas de apoio à energia e à inflação forem retiradas e os países adotam medidas de consolidação ao abrigo das novas regras orçamentais", aponta a OCDE.
É de salientar que, apesar destes apelos da OCDE, feitos também pela Comissão Europeia, de retirada dos apoios à energia, o Governo português já sinalizou que não tem intenção de mexer nos benefícios no ISP.
A OCDE deixa ainda recomendações para que sejam feitas reformas estruturais para promover o investimento e responder à escassez de mão-de-obra, o que levaria a um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) potencial.
Neste ponto, a organização destaca até que Grécia, Portugal e Espanha estão "entre os poucos países da OCDE com revisões positivas no crescimento potencial per capita (e ainda maiores desde o período pós-crise financeira global)", o que "sugere que as reformas estruturais acumulam benefícios ao longo do tempo, uma vez que estes países estão entre aqueles que mais reformaram nas últimas duas décadas".