Banco de Portugal volta a dispensar bancos de reserva contracíclica
O Banco de Portugal (BdP) voltou a dispensar os bancos de reserva contracíclica no primeiro trimestre de 2025, disse hoje a instituição em comunicado, recordando que será revista em 2026.
"Relativamente ao primeiro trimestre de 2025, a decisão do Banco de Portugal foi no sentido de manter em 0% a percentagem da mesma reserva", referiu o regulador e supervisor bancário em comunicado, indicando que esta decisão foi tomada esta segunda-feira.
A reserva contracíclica de fundos próprios é uma 'almofada' de capital que os bancos têm de pôr de lado em função das posições de risco. Apesar de agora a manter em 0%, já é sabido e hoje o BdP recordou que irá ser alterada para 0,75% a partir de 1 de janeiro de 2026.
Em outubro, o regulador e supervisor bancário explicou que decidiu alterar este montante enquanto há uma fase positiva do ciclo económico para que, de futuro, num momento de crescimento do crédito problemático tenham mais capacidade para absorver perdas e mitigar a queda nos empréstimos.
Disse ainda o BdP que esta revisão está "em linha com a tendência seguida por várias autoridades macroprudenciais na Europa e com as orientações de diversas autoridades internacionais".
O Banco de Portugal toma esta medida também num momento de elevados níveis de capitalização e rentabilidade dos bancos, o que lhes permite atempadamente ir reforçando a acumulação de capital.
Segundo informações a que a Lusa teve acesso, a alteração conhecida significa, à data atual, que bancos mais pequenos teriam de pôr de lado 50 milhões de euros e bancos maiores cerca de 200 milhões de euros.
Os reguladores e supervisores bancários têm vindo a alertar os bancos para usarem parte dos atuais lucros para aumentar as 'almofadas' de capital e, assim, estarem mais bem preparados para futuras crises.
Só até setembro, os lucros agregados dos cinco maiores bancos a operar em Portugal (Caixa Geral de Depósitos, BCP, Novo Banco, BPI e Santander Totta) foram de 3.900 milhões de euros, mais 19% face aos primeiros nove meses de 2023. É previsto que banca deverá terminar 2024 com lucros históricos em Portugal, que podem ascender a 5.000 milhões de euros no agregado dos principais bancos, contrariando a ideia de que 2023 tinha sido o ano excecional.