Danças políticas em 2025

2025 promete ser um ano frenético no xadrez político, tanto a nível nacional como internacional. Um período carregado de movimentos estratégicos, egos inflamados e agendas dissonantes, com o mundo a segurar a respiração enquanto tenta lidar com as suas próprias crises.

A nível nacional, 2025 será tudo menos pacífico. A Madeira abre o ano com eleições extraordinárias em finais de fevereiro ou princípios de março (o PR vai reunir nos primeiros dias de janeiro para depois marcar a data definitiva) e Miguel Albuquerque tentará um quarto mandato consecutivo, mas poderá enfrentar dificuldades em assegurar condições de governabilidade. O custo político e económico para os madeirenses não será insignificante e poderemos, mais uma vez, lutas titânicas para aprovar o ORAM.

No primeiro semestre, o país entrará no fervoroso jogo das presidenciais. As candidaturas devem ser formalizadas cedo (já temos o André Pestana e a Joana Amaral Dias), não só pela complexidade do processo, mas para evitar colisões com a intensa agenda política. O enigma maior é o, ainda PR Marcelo Rebelo de Sousa, cuja imagem sofreu desgaste nos últimos anos. O seu legado, ainda indefinido, será um ponto de viragem ou uma oportunidade perdida?

O verdadeiro teste, no entanto, virá em setembro, com as eleições autárquicas. Num cenário pós-pandemia, todas as forças políticas estarão sob escrutínio severo, testando lideranças e alianças. Habitação, saúde, educação, transportes e segurança dominarão o debate, mas com uma campanha pautada pela demagogia e os tradicionais “jogos de lama”.

Será a silly season elevada à potência máxima.

Por fim, o ano encerrará com os tradicionais Orçamentos – na Assembleia da República, na Madeira e nos Açores – sempre acompanhados por sobressaltos e tensões políticas.

No plano internacional, logo em janeiro, o mundo verá Donald Trump regressar à Casa Branca. A sua posse, a 20 de janeiro, traz a expectativa de um novo capítulo de imprevisibilidade. A Ucrânia e o Médio Oriente, epicentros de tensões globais, devem entrar em “modo espera”, enquanto os EUA reorientam o foco e revisitam alianças. E na Venezuela?

A minha fezada é que Nicolás Maduro caia.... E Moçambique? Continuará a ter um ano de tumultos? Esperemos que não....

Na Europa, o holofote estará sobre a Alemanha, com eleições federais marcadas para fevereiro. A viragem para o centro-direita parece inevitável, reflectindo a fadiga de uma era pós-Merkel e um desejo de estabilidade. Já a União Europeia deverá continuar o seu jogo de equilíbrio entre Comissão e Conselho, sem grandes avanços, apenas “empatando”.

A NATO ocupará um lugar central no tabuleiro global com dois momentos cruciais: uma Assembleia nos EUA em maio e uma cimeira nos Países Baixos em junho. Enquanto isso, instituições globais como a OMS, o G7 e o Fórum de Davos movimentarão os bastidores entre maio e setembro, tentando compor soluções para os desafios globais, entre crises sanitárias, climáticas e económicas.

E 2026?

Com a aproximação das presidenciais de janeiro de 2026, a grande pergunta será: como navegará o próximo Presidente da República num cenário político fragmentado e exausto? Entre um povo desencantado e instituições desgastadas, o maior desafio não será governar, mas restaurar a confiança num sistema que parece viver à beira do colapso.

José Augusto de Sousa Martins