DNOTICIAS.PT
Artigos

Um ‘Déjà Vu’ injusto

No primeiro dia do ano de 2025, poderíamos focar-nos nos desafios futuros da PSP e nas prioridades que se avizinham para os seus profissionais. No entanto, sinto que é imperativo abordar uma questão que atualmente coloca a maior e mais importante força de segurança de Portugal numa posição delicada: a polémica e a guerra política que têm envolvido injustamente a PSP.

Recentemente, a operação policial no Martim Moniz pela PSP gerou uma onda de críticas vindas de diversos setores da sociedade portuguesa, incluindo políticos, comentadores televisivos e até personalidades de renome. O tom de censura tem levantado questões legítimas sobre até que ponto esses críticos compreendem o que está em jogo em operações como esta e os desafios enfrentados pelas forças de segurança.

Antes de mais, é fundamental esclarecer o básico: operações policiais desta magnitude são cuidadosamente planeadas, seguindo procedimentos rigorosos e protocolos de atuação com respaldo legal. Não se trata de ações improvisadas ou arbitrárias. Representantes do tribunal que presidiram às operações, competem para garantir que tudo decorra dentro dos limites legais. Portanto, a acusação de arbitrariedade ou abuso de autoridade, é na melhor das hipóteses, ignorância e na pior má-fé.

Muitos dos críticos parecem desconhecer os procedimentos adotados pelas forças de segurança, não só em Portugal, mas em toda a Europa. As abordagens de cidadãos – sejam eles nacionais ou estrangeiros – seguem critérios de segurança que não têm qualquer relação com raça, etnia ou cor de pele. A legislação e os protocolos tratam todos os cidadãos como iguais perante a lei. Qualquer insinuação em contrário é injusta e francamente, perigosa.

A operação no Martim Moniz foi precedida de mandados judiciais, emitidos por um juiz, com base em investigações detalhadas. É lamentável que alguns partidos políticos e de comentadores, com uma visão superficial e enviesada, reduzam o trabalho das forças de segurança a um espetáculo de repressão racial ou social.

As críticas incessantes não apenas minam a confiança pública na polícia, mas também desmotivam os próprios agentes e perigosamente atingem as hierarquias da PSP. O que muitos não percebem é que essa desconfiança generalizada pode levar as forças de segurança a hesitar em agir. Será isso que queremos? Uma polícia que hesita, com receio de represálias mediáticas e políticas, deixando cidadãos vulneráveis sem proteção?

Quando as forças de segurança são deslegitimadas de forma leviana, quem paga o preço são as pessoas comuns, que dependem da polícia para garantir a sua segurança. A mensagem que está a ser enviada é perigosa: quanto mais a polícia atua, mais arrisca ser condenada publicamente, mesmo quando age dentro da lei.

A PSP não faz mais do que cumprir ordens legais. Se há questões a levantar sobre a justiça ou sobre a abordagem legal destas operações, a indignação deve ser dirigida aos tribunais, não às forças policiais. É fácil criticar quem está na linha da frente, mas isso apenas desvia o foco das verdadeiras questões sistémicas.

Este episódio não é novo. Há um padrão cíclico em que a polícia é colocada no centro de controvérsias, muitas vezes sem fundamentos sólidos. É um “déjà vu” que prejudica a sociedade como um todo. A deslegitimação das forças de segurança não só enfraquece a sua atuação, como também coloca em risco o tecido social, criando um clima de desconfiança generalizada.

É hora de refletirmos sobre a verdadeira consequência dessas críticas desenfreadas. Precisamos de uma polícia forte, respeitada e devidamente apoiada, para que possa continuar a proteger os cidadãos, independentemente de quem sejam ou de onde venham. Talvez seja hora de os críticos pensarem menos em alimentar polémicas e mais em compreender as realidades do trabalho policial.

A PSP é e continuará a ser, um pilar fundamental da nossa democracia e da nossa segurança coletiva. Afinal, quem perderá mais se as forças de segurança recuarem ou hesitarem em agir? A PSP e as forças de segurança em geral não são do Governo nem da oposição, são do país.

Que este Ano Novo traga não só novos desafios, mas também uma renovada valorização pelo trabalho incansável de todos os que vestem a farda da PSP.