Sugestão para 2025
Vemo-nos a poder pedir mais aos clientes e não sei se estamos a conseguir oferecer mais
O final do ano é sempre um momento de reflexão, pelo menos para mim. Olhando para trás, para o que foi feito, tento perspectivar o futuro, com o objectivo de tentar fazer melhor.
Não tenho da actividade que exerço a visão de que se trata de um campeonato, que alguém ganha ou que outros perdem. Digo aliás aos meus isto com frequência: - procurem seguir padrões, os nossos padrões, assentes nos nossos valores, significando isto que estamos a transmitir uma proposta de valor necessariamente diferenciada, que não é melhor nem pior do que ninguém mas tão somente única.
Não ligo, por isso, a prémios. Preocupa-me muito mais que quem faz parte da equipa a sinta como tal, se reveja no que fazemos e tenha vontade de progredir, de melhorar, de ser o melhor profissional possível, enquadrado num conjunto que o ajuda a evoluir.
Aqui chegados, preocupa-me a incapacidade que posso vir a ter de corresponder. Não somente às expectativas que a avaliação do nosso trabalho passado traz aos clientes futuros mas, talvez até sobretudo, ao que posso continuar a fazer para que aqueles que comigo trabalham queiram aqui continuar, focados e motivados a fazer deste o seu projecto.
Evidentemente que a componente financeira é importante! Mas não é nem pode ser o único factor de motivação; será o projecto que somos capazes de lhes apresentar que pode fazer a diferença para a manutenção das equipas.
Quando percebo que tenho de lutar contra tolerâncias, contra 1.ªs Oitavas e S. Ralis, contra ofertas de quem tem uma capacidade financeira que não consigo alcançar, contra horários que não posso oferecer, contra práticas fiscais que não obedecem à Lei, fico preocupado. Não domino estes factores, que em alguns casos são até altamente injustos, mas é este o actual estado da nação.
Também me preocupo e bastante quando vejo que a escassez de recursos humanos obriga a um prémio de aquisição alto para um retorno comparativamente menor em relação aqueles que já temos nas nossas equipas.
E como conseguir uma aculturação plena do cada vez maior contingente estrangeiro que integra as nossas empresas, que não dominam a nossa língua e têm hábitos e culturas tão díspares?
É o mercado a funcionar, evidentemente, mas este mercado está distorcido, quer pelo Estado que insiste em considerar-se sujeito a regras diferentes, quer por empresas que olham para a carga fiscal e procuram soluções digamos que criativas...
Estou, portanto, preocupado com o futuro. Vemo-nos a poder pedir mais aos clientes e não sei se estamos a conseguir oferecer mais. Aliás, corrijo-me gastando um bocado de caracteres com isso mas ciente de que é o ponto principal da dita reflexão de final de ano: - sei que não estamos a conseguir oferecer mais!
Deixo portanto a sugestão para uma reflexão conjunta, que possa ultrapassar as barreiras dos nossos pequenos mundos e que vai muito para além da discussão dos aumentos salariais. Bom Ano!