ONU acompanha "com preocupação" a situação na Coreia do Sul
A ONU afirma estar a acompanhar a situação na Coreia do Sul "com preocupação", após o Presidente ter decretado hoje lei marcial, uma decisão posteriormente revogada pelo parlamento, disse o porta-voz do secretário-geral.
"Estamos a acompanhar a situação de muito perto e com preocupação", disse Stéphane Dujarric, porta-voz de António Guterres, sublinhando não poder fazer mais comentários sobre uma situação que estava a "evoluir rapidamente".
Numa comunicação de surpresa ao país hoje à noite em Seul (mais nove horas do que em Lisboa), o Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, declarou a lei marcial para "erradicar as forças pró-norte-coreanas e proteger a ordem constitucional".
Yoon acusou a oposição de atividades contra o Estado e de conspirar "para uma rebelião".
O Kremlin (Presidência russa) anunciou estar também a "acompanhar de perto" a situação "alarmante" na Coreia do Sul.
"A situação é alarmante. Estamos a acompanhá-la de perto", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, à agência de notícias russa Interfax.
O Presidente sul-coreano declarou a lei marcial para proteger a "ordem constitucional" das atividades "anti-estatais", de que acusa o principal bloco da oposição, o Partido Democrático (PD), que classificou de "forças pró-norte-coreanas", numa declaração transmitida pela televisão.
O anúncio foi feito depois de o PD, que tem a maioria no parlamento, ter aprovado um orçamento para 2025 com vários cortes, sem o apoio do partido no poder, o Partido do Poder Popular (PPP) de Yoon, e moções para demitir o procurador-geral e o chefe do Conselho de Auditoria e Inspeção, responsável pela auditoria das contas dos organismos públicos.
Após a declaração da Lei Marcial, a Assembleia Nacional sul-coreana votou a sua revogação numa sessão plenária extraordinária convocada pouco depois do anúncio do Presidente, com milhares de pessoas a protestarem nas ruas de Seul.
De acordo com a Constituição do país, a lei marcial deve ser levantada quando uma maioria parlamentar o exigir.
De um total de 300 deputados, 190 estavam presentes e todos votaram a favor da moção, pelo que, segundo o gabinete do presidente do parlamento, a declaração da lei marcial fica sem efeito.
A imprensa local refere que um comando militar, lançado com a declaração da lei marcial, anunciou um decreto para probir todas as atividades políticas, incluindo protestos e ações partidárias, colocando ao mesmo tempo todos os meios de comunicação social sob controlo, além de ordenar aos médicos estagiários em greve que regressem imediatamente ao trabalho no prazo de 48 horas.
O decreto foi emitido pelo Chefe do Estado-Maior do Exército, General Park An-su, e entrou em vigor às 23:00 locais (14:00 de Lisboa)
De acordo com o decreto, as pessoas que violarem a lei marcial podem ser detidas ou alvo de rusgas sem mandado.