Paulo Cafôfo considera que a saída do presidente do Serviço Regional de Proteção Civil é "o assumir da importância da Comissão de Inquérito requerida pelo PS para apurar as responsabilidades no combate aos incêndios de Agosto". Por outro lado, diz ser o reconhecimento, "por parte do próprio Governo Regional, de que todo este processo não foi bem gerido, como, aliás, atestam os depoimentos dos vários técnicos ouvidos no Parlamento".

A notícia que dá conta de que a comissão de serviço de António Nunes, que termina no final deste mês, não será renovada, foi hoje publicada na edição impressa do JM. 

O presidente do PS-Madeira acusa Miguel Albuquerque e Pedro Ramos, que considera os responsáveis pela "gestão desastrosa" dos incêndios, de encontrarem um “bode expiatório” e quererem “passar as culpas” para o presidente do SRPC, António Nunes.

"Então o combate aos incêndios foi um sucesso e o presidente do Serviço de Proteção Civil vai embora?", questiona Cafôfo. O líder socialista afirma que,  mesmo que tentem alegar que o responsável é que não quer ser reconduzido, "o facto é que a sua saída está ligada a todo este processo, tendo em conta as posições contraditórias assumidas". O presidente do PS-Madeira sublinha que o melhor exemplo disso mesmo foi o facto de, a 29 de Outubro, na Comissão de Inquérito, o secretário regional ter dito que o relatório dos incêndios ainda não estava concluído e de, na passada semana, António Nunes ter revelado que o mesmo já estava pronto no dia 17 de Outubro. "O desentendimento e as contradições são tantas que, ontem mesmo, Pedro Ramos veio desmentir António Nunes, numa atitude que «já não consegue disfarçar o desconforto existente»", assume.

Para Paulo Cafôfo, esta é a prova de que, “quando ouve aquilo que não gosta, este Governo limita-se a mandar calar todos os que ousam expressar uma opinião contrária”. Aliás, acrescenta, é isso mesmo que Pedro Ramos tem vindo a tentar fazer, ao dizer, ainda ontem, que a Comissão de Inquérito é uma perda de tempo.

“Perda de tempo é termos um secretário regional que não resolve os problemas da saúde, nem consegue proteger os madeirenses em situação de perigo, como aconteceu nos últimos incêndios”, diz o presidente do PS-M.

“A verdade é que a Comissão de Inquérito tem posto a nu as fragilidades e a negligência do Governo no combate aos incêndios e isso tem sido apontado, unanimemente, por todos os especialistas ouvidos na Assembleia”, constata Paulo Cafôfo, criticando ainda Albuquerque e Pedro Ramos por optarem por ir “trabalhar para o bronze na praia do Porto Santo”, ao invés de estarem ao lado da população.